Anjos da Guarda
Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. A Doutrina dos Anjos da Guarda: 4.1. Missão do Espírito Protetor; 4.2. Consolo da Alma; 4.3. A Confiança em Nossos Protetores Espirituais. 5. Influência dos Espíritos em Nossa Vida: 5.1. É Maior do que Imaginamos; 5.2. A Afeição dos Espíritos por certas Pessoas; 5.3. A Possessão. 6. O Apelo ao nosso Anjo da Guarda: 6.1. Um Comercial da TV; 6.2. O Anjo da Guarda nunca nos Abandona; 6.3. Prece aos Anjos Guardiões e aos Espíritos Protetores. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O que significa a palavra anjo? Qual a sua etimologia? É válida a doutrina dos anjos da guarda? Eles influenciam as nossas decisões? Para o desenvolvimento deste tema, escolhemos três subtemas, ou seja, a doutrina dos anjos da guarda, a influência dos Espíritos em nossas vidas e o apelo ao nosso anjo da guarda.
2. CONCEITO
Anjo – Segundo sua etimologia significa "mensageiro" e por decorrência "mensageiro de Deus". Ser espiritual que exerce o ofício de mensageiro entre Deus e os homens. A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral; não obstante, é freqüentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade.
Anjo da guarda – Espírito celeste que se crê velar sobre cada pessoa, afastando-a do mal e inclinando-a para o bem; anjo custódio. Espírito protetor, anjo da guarda, ou bom gênio, é o que tem por missão acompanhar o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior, com relação ao protegido.
Simbologia – Segundo muitos autores, os atributos conferidos aos anjos são considerados como símbolos de ordem espiritual. Outros, ainda, vêem nos anjos símbolos das funções divinas, símbolos das relações de Deus com as criaturas, ou, ao contrário, símbolos das funções humanas sublimadas ou de aspirações insatisfeitas e impossíveis. (Chevalier, 1998)
3. HISTÓRICO
Nosso ponto de partida é o daemon socrático. Após os juízes o considerarem culpado de corromper a juventude da Atenas, Sócrates explicou por que não pretendia contestar-lhes a sentença: dizia que sempre que tinha algo para fazer, havia uma voz que o impedia, caso sua ação não fosse útil. Na sentença, não ouviu o sinal costumeiro e, portanto, deduziu que a sua morte deveria trazer-lhe com certeza um bom resultado.
A Bíblia não faz nenhuma alusão aos anjos da guarda. Todavia, segundo Enoc (100,5), os santos e os justos possuem seus protetores. Cada fiel é assistido por um anjo, dirá Basílio; este anjo guia-lhe a vida, sendo ao mesmo tempo seu pedagogo e protetor.
Até o aparecimento de Gregório, o "Taumaturgo", ou fazedor de milagres, no século III, o guia e protetor dos cristãos era o Espírito Santo, principalmente depois da experiência de Pentecostes. Gregório, em seu Panegírico,confessou-se o afortunado e possuidor de "certo companheiro divino, condutor e guarda benéfico". O Cristianismo passou a adotar as suas idéias. Como o Cristianismo fazia parte da tradição judaica, preferiu-se usar o termo "anjo" aodaemon pagão, que afinal, assumiria a conotação totalmente sinistra: agente do diabo.
Na linha histórica da influência de um hóspede desconhecido sobre a humanidade, podemos citar a missão em que se achava investida Joana d'Arc, que era a de libertar a França do domínio inglês. Winston Churchill, Jung, Abrão Lincoln e muitos outros fazem também alusão a essa voz que os guia no caminho de suas vidas. (Inglis, 1995, p. 17 a 46)
4. A DOUTRINA DOS ANJOS DA GUARDA
4.1. MISSÃO DO ESPÍRITO PROTETOR
A missão do Espírito protetor é a de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida. O Espírito protetor é ligado ao individuo desde o nascimento até a morte, e freqüentemente o segue depois da morte, na vida espiritual, e mesmo através de numerosas existências corpóreas, porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.
4.2. CONSOLO DA ALMA
Não é um grande consolo para a nossa alma enfermiça saber que há seres superiores ao nosso lado, que estão ali para nos aconselhar, nos sustentar e nos ajudar a escalar a montanha escarpada do bem? Esses Espíritos se colocam à nossa disposição por ordem de Deus, Assim, há os protetores familiares, os espíritos simpatizantes e um que toma propriamente a responsabilidade de nos conduzir, do nascimento à morte: o anjo da guarda. Basta apenas que tenhamos a humildade de pedir-lhes para nos auxiliar em todas as nossas dificuldades, que ainda estamos sujeitos neste mundo de provas e expiações. Quantas vezes o conhecimento desta verdade não nos salvaria dos maus Espíritos? Quantas vezes nos ajudariam nos momentos de crise, de ansiedade?
4.3. A CONFIANÇA EM NOSSOS PROTETORES ESPIRITUAIS
Os bons Espíritos estão sempre nos secundando; eles não precisam de trombetas para se fazer notar. Basta apenas nos colocarmos em sintonia com eles, para recebermos os seus avisos salutares. Os avisos, contudo, não vêm como uma ordem, porque se assim fosse delimitaria a nossa própria ação, o uso do nosso livre-arbítrio. Esta doutrina deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto por sua doçura. Mas como a maioria das pessoas tem se tornada muito materialistas, elas acabam se esquecendo das verdades mais simples: a existência dos anjos da guarda é uma delas.
5. INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS EM NOSSA VIDA
5.1. É MAIOR DO QUE IMAGINAMOS
Os Espíritos superiores dizem que a influência dos espíritos em nossa vida é maior do que podemos imaginar, porque, em muitas ocasiões, são eles que decidem por nós, sem que o percebamos. A influência dos Espíritos pode ser vista de dois ângulos: de um lado há uma nuvem de Espíritos que nos conduz ao bem; do outro lado, uma nuvem de Espíritos que nos conduz ao mal. Nós ficamos no meio deles, decodificando as suas mensagens. A partir de um certo momento, tomamos uma decisão. Quem poderia afirmar, com certeza, que a decisão não tenha sido feita por eles?
5.2. A AFEIÇÃO DOS ESPÍRITOS POR CERTAS PESSOAS
Os espíritos superiores afeiçoam-se pelas pessoas de bem ou aquelas que querem progredir e combater o mal; os inferiores aproximam-se dos viciosos e dos rebeldes à Lei de Deus. Os bons Espíritos fazem todo o bem possível e se sentem bem com as nossas alegrias. Eles, contudo, afligem-se com os nossos males, principalmente quando não os sabemos sofrer com resignação. As aflições dos bons Espíritos são mais graves quando se tratam de causas morais; para eles, os males físicos são passageiros. Numa crise, os bons Espíritos reerguem a nossa coragem; os maus, incitam-nos ao desespero.
5.3. A POSSESSÃO
A influência dos Espíritos menos felizes, quando muito intensa, pode originar o fenômeno da possessão. Para o senso comum, esta palavra está ligada à tomada do corpo por um Espírito estranho. Segundo o Espiritismo, isso não é possível de ocorrer, porque para cada corpo está destinado um único Espírito. Contudo, no seu sentido metafórico, é a influência persistente que um Espírito imperfeito exerce sobre uma pessoa, dando a impressão que aquela pessoa está dominada por um ser estranho a ela. Embora possa haver a possessão positiva, geralmente ela é vista no sentido negativo, ou seja, a subjugação do encarnado ao império da vontade do Espírito estranho.
6. O APELO AO NOSSO ANJO DA GUARDA
6.1. UM COMERCIAL DA TV
Não faz muito tempo, veiculou-se um comercial televisivo em que de um lado havia a sugestão do diabo e, do outro lado, a do anjo da guarda. No meio desse tiroteio, a pessoa tinha que tomar uma decisão: seguir um dos dois conselhos. É mais ou menos o que acontece com a influência dos Espíritos em nossa vida. A única diferença é que o anjo da guarda está de guarda, ou seja, tentando nos proteger. O demônio só poderá chegar até nós se nós o permitirmos, se abrirmos uma brecha em nossa mente. Caso contrário, ele nem de nós se aproxima, pois não se forma um campo vibratório favorável a tal comunicação.
6.2. O ANJO DA GUARDA NUNCA NOS ABANDONA
Devemos ter sempre em mente que o anjo da guarda é um espírito protetor que quer o nosso bem e a nossa evolução espiritual. Às vezes, parece que ele se afasta de nós. Precisamos verificar se o ocorrido não foi por nossa própria culpa, no sentido de nos afastamos de suas sugestões e de suas inspirações. Lembremo-nos de que, por princípio, os Espíritos superiores nada forçam; eles sempre nos deixam decidir por nós mesmos. Eles podem se afastar momentaneamente, mas nunca nos abandonam de todo.
6.3. PRECE AOS ANJOS GUARDIÕES E AOS ESPÍRITOS PROTETORES
Em qualquer situação de desespero, podemos nos valer da prece para apaziguar a nossa mente conturbada. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, dá-nos algumas instruções sobre os mais variados tipos de preces. Em se tratando deste tema, transcrevemos uma delas: "Espíritos esclarecidos e benevolentes, mensageiros de Deus, que tendes por missão assistir os homens e conduzi-los pelo bom caminho, sustentai-me nas provas desta vida; dai-me a força de suportá-la sem queixumes; livrai-me dos maus pensamentos e fazei que eu não dê entrada a nenhum mau Espírito que queira induzir-me ao mal. Esclarecei a minha consciência com relação aos meus defeitos e tirai-me de sobre os olhos o véu do orgulho, capaz de impedir que eu os perceba e os confesse a mim mesmo". (Kardec, 1984, p. 330)
7. CONCLUSÃO
Humilhemo-nos ante os desígnios do Alto. Valhamos-nos das sugestões dos nossos mentores espirituais. Muitas vezes o que nos parece um mal é um bem ulterior que ainda não somos capazes de perceber.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CHEVALIER, J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
INGLIS, Brian. O Mistério da Intuição. Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1995.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
São Paulo, maio de 2006
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