sábado, 11 de abril de 2009

GRATIDÃO

Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na esquina das ruas Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém.. O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrarna pizzaria, Moshê percebeu que teria que esperar muito tempo numaenorme fila, se realmente desejasse comer alguma coisa - mas ele nãodispunha de tanto tempo. Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por pertodo balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu. Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila na sua frente. Mais doque agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente esaiu em direção à sua próxima reunião. Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu umestrondo aterrorizador. Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelomesmo caminho que ele acabara de percorrer o que acontecera. O jovemdisse que um homem-bomba acabara de detonar uma bomba na pizzaria Sbarro`s... Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escaparado atentado. Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar na fila. Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar morto. Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se aquele homem necessitava de ajuda. Mas encontrou umasituação caótica no local. A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, devinte e três anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças.
Cerca de outras noventa pessoas ficaram feridas, algumas em condições críticas. As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada. Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas empânico, outras tentando ajudar de alguma forma. Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimasensangüentadas eram socorridas por policiais e voluntários. Uma mulhercom um bebê coberto de sangue implorava por ajuda. Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo exército. Moshê procurou seu 'salvador' entre as sirenes sem fim, masnão conseguiu encontrá-lo. Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o queacontecera com o israelense que lhe salvara a vida. Moshê estava vivopor causa dele. Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de algumaajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida. O senso de gratidão fez com que esquecesse da importantereunião que o aguardava. Ele começou a percorrer os hospitais da região, para ondetinham sido levados os feridos no atentado. Finalmente encontrou o israelense num leito de um doshospitais. Ele estava ferido, mas não corria risco de vida.. Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estavaacompanhando seu pai, e contou tudo o que acontecera. Disse que fariatudo que fosse preciso por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia sua vida. Depois de alguns momentos, Moshê sedespediu do rapaz e deixou seu cartão com ele. Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não deveria hesitar emcomunicá-lo. Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seuescritório em Nova Iorque daquele rapaz, contando que seu paiprecisava de uma operação de emergência. Segundo especialistas, omelhor hospitalpara fazer aquela delicada cirurgia fica em Boston, Massachussets.

Moshê não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosserealizada dentro de poucos dias.Além disso, fez questão de irpessoalmente receber e acompanhar seu amigo em Boston, que fica a umahora de avião de Nova Iorque. Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenaspelo senso de gratidão. Outra pessoa poderia ter dito 'Afinal, elenão teve intenção de salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugarna fila ' Mas não Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mêsapós o atentado. E ele sabia como retribuir um favor. Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanharseu amigo - e deixou de ir trabalhar. Sendo assim, pouco antes dasnove horas da manhã, naquele dia onze de setembro de 2001. Moshê nãoestava no seu escritório no 101º andar do World Trade Center TwinTowers. (Relatado em palestra do Rabino Issocher Frand)
'Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios comlouvor; louvai-o, e bendizei o seu nome.' Salmos 100:4

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