Colunistas
08/02/2013 19h42 - Atualizado em 09/02/2013 01h52
Carnaval: Uma Festa Espiritual
É natural que queiramos saber a visão espírita sobre o carnaval. O que o Espiritismo diz sobre o assunto?
Opiniões materialistas de apoio e espiritualistas de condenação reforçam a consagrada dicotomia entre o mal e o bem, a sombra e a luz, o errado e o certo, o material e o espiritual. A visão maniqueísta do a favor ou do contra, do conflito entre dois lados opostos, é tendência comum para registrar o posicionamento de adeptos e críticos ante a curiosa temática.
Por mais que argumentemos, eis uma questão que continuará suscitando acerbas discussões durante muito tempo, até que ela deixe de ter importância. Ainda não é a nossa situação. Falar sobre o carnaval é necessário, pois vivemos a festividade anualmente, com data marcada: a mais comemorada e outras tantas, que se prolongam no decorrer do ano em várias regiões do país e do planeta.
Para que possamos entender melhor o tema, é necessário que percebamos o seu real significado. A par de todas as movimentações de planejamentos e preparativos, ações e zelo – que denotam certa arte e cultura na apresentação de desfiles com seus carros alegóricos e foliões -, somadas as festividades de matizes diversificados, em que grupos se reúnem para comemorações sem medida, não podemos deixar de reconhecer que o carnaval é uma festa espiritual.
O culto à carne evoca tudo o que desperta materialidade, sensualidade, paixão e gozo. O forte apelo do período que antecede, acompanha e sucede o evento ao deus Mamon guarda íntima relação com o conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o extrafísico, alimentado pelos participantes, "vivos de cá e de lá", que se deleitam em intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos carnavalescos encarnados.
Vivemos em constante relação de intercâmbio, conectando-nos com os que nos são afins pelos pensamentos, gostos, interesses e ações. Sem que nos apercebamos, somos acompanhados por uma "nuvem de testemunhas", que retrata nossa situação íntima.
Não cabe a análise sob a ótica de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos livres para fazer as escolhas que julgarmos convenientes. Porém, não podemos nos esquecer de que igualmente somos responsáveis, individual ou coletivamente, pelas opções definidas em nossa vida.
O Espiritismo não condena o carnaval, mas, também, não estimula suas festividades. Nesse período são cometidos excessos de todos os graus, com abusos e desregramentos no âmbito do sexo, das drogas, da violência; exageros que extravasam desequilíbrio e possibilitam a atuação de espíritos inferiores que se locupletam com a alimentação de fluidos densos formadores de uma ambiência espiritual de baixo teor vibratório.
Carnaval é, de fato, uma festa espiritual. Porém, eu não quero participar dessa festa. E você?
O espírita verdadeiro pode e deve aproveitar o feriado prolongado para estudar, trabalhar, ajudar aos outros e conectar-se com o Plano Maior da Vida em elevada festividade espiritual que nos faz bem, proporcionando real alegria e plenitude ao Espírito imortal.
Carnaval e Espiritismo
A festa é o momento em que o espírito tem a oportunidade de pôr para fora, não necessariamente, o que ele tem de pior mas as suas emoções mais profundas. Como somos espíritos altamente imperfeitos as nossas festas quase sempre explicitam emoções do tipo primário. Nos tempos da Grécia antiga, as bacanais, festas dedicadas ao deus Dioniso ou Baco tornaram-se tão perigosas para o equilíbrio da polis (cidade) que teve de ser transformada em teatro como uma forma de "domesticação" do conteúdo nocivo da alma humana. A Festa do deus Líber em Roma; a Festa dos Asnos que acontecia na igreja de Ruan no dia de Natal e na cidade de Beauvais no dia 14 de janeiro entre outras inúmeras festas populares em todo o mundo e em todos tempos, têm esta mesma função.
O carnaval é uma dessas festas que costuma ser chamada de folia que vem do francês folle que significa loucura ou extravagância sem que tenha existido perda da razão. No caso do carnaval a palavra significa desvio, anormalidade, fantasia descontração ou mesmo alegria. Assim, a festa carnavalesca é o momento em que o espírito humano pode extrojetar o que há de mais profundo de mais primitivo em si mesmo. O poeta Vinicius de Morais deixou isto muito claro ao dizer: " Tristeza não tem fim, felicidade sim / A felicidade parece a grande ilusão do carnaval/ ? a gente trabalha um ano inteiro / por um momento de sonho/ pra fazer a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira / Pra tudo se acabar na quarta-feira."
Qual a posição do espírita ante o carnaval? Sem querer ditar normas, apenas dando a minha opinião, o espírita, em primeiro lugar, deve compreender o carnaval; não ser muito severo, não ter medo dele por acreditá-lo uma expressão do mal e do diabólico da alma humana; não fugir dele por medo de sua sedução. Não deve, como fazem algumas religiões criar blocos ou escolas-de-samba para brincar um carnaval cristão. Pode ser um observador comedido, se gosta da festa, ir ao sambódromo ou às ruas para ver os foliões e, se não gosta, pode aproveitar o feriadão para descansar, meditar ou estudar espiritismo sozinho ou em conjunto; em resumo seguir o conselho de Paulo: "Viver no Mundo sem ser do mundo."
http://www.correioespirita.org.br/categoria-de-materias/artigos-diversos/585-carnaval-e-espiritismo
Em 2009 desabafei...
MENSAGEM DE ALERTA - CARNAVAL
Carnaval: prazer ou fuga?
CARNAVAL: PRAZER OU FUGA?
:: Rosemeire Zago ::
Carnaval, feriado, viagem, expectativa de uns dias para repor as energias, um descanso para depois retornar ao trabalho, às atividades rotineiras, até a próxima oportunidade com outro feriado prolongado. Por um lado, todos têm a necessidade de um descanso extra, apesar de que alguns trabalharão normalmente, pois alguns serviços são essenciais e não podem parar, mas como podemos descansar tranquilamente diante dos fatos estarrecedores que temos presenciado no mundo e, principalmente, em nosso país? Como nos manter tranqüilos, em paz, participando de desfiles depois do que ocorreu em Angra, no Haiti, em cada parte do mundo? Como estar alegre, agir como se nada estivesse acontecendo, diante dos descasos perante o sofrimento humano, com famílias perdendo pessoas amadas, ilhadas dentro de suas próprias casas?
Estamos vivendo um momento de impotência ou falta mesmo é atitude de todos? É certo que muitos sentem e mostram sua indignidade por e-mails, com pedidos de orações, atitudes por parte dos políticos, mas isso será o suficiente? Com certeza, é um momento de reflexão para muitos de nós, que mesmo ainda não sendo atingidos diretamente, sabemos que estamos todos sujeitos a ser a próxima vítima.
O que fazer diante de tanta violência, crueldade, chuvas, desabamentos, terremotos? Sair para pular no clube mais perto, ou desfilar pisando duro com uma bela fantasia na avenida será que irá diminuir o sofrimento de quem foi atingido diretamente? Pode ser que alivie a própria dor por algumas horas, digamos um paliativo, mas cada um já se colocou no lugar de cada um que perdeu seus familiares?
É possível mesmo assim agirmos como se nada estivesse acontecendo e vestirmos literalmente uma máscara? Afinal, a época é propícia... Será que nesses quatro dias é possível esquecer tudo isso e brincar, sorrir, e quantos não irão beber, consumir drogas para esquecer a terrível realidade em que vivem? Quantos outros não serão irresponsáveis e poderão contrair o vírus HIV, HPV? Sem falar que 1, 2 meses após o carnaval é que acontecem os maiores índices de abortos.
As agressões que temos vivido não se limitam aos fatos de violência e morte mais recentes, mas a soma de violências que temos presenciado na falta de respeito pelo ser humano, que felizmente ainda muitos de nós somos... É a inflação que é negada, mas quem vai ao supermercado fazer suas compras sabe muito bem que cada semana os preços sobem; é o salário dos funcionários públicos congelados há mais de 10 anos, enquanto muitos cargos estão sempre atualizando seus salários, já bem elevados; a falta de dignidade e respeito para com os aposentados; é a precariedade e falta de humanidade no atendimento médico, com filas de espera por horas para um atendimento urgente e meses para uma consulta; a educação pública que virou um caos total; são os traficantes com suas drogas que rondam os filhos de muitas famílias; são nossas casas e apartamentos que estão se tornando verdadeiras prisões. Enfim, se for listar as agressões diárias que estamos recebendo de todos os lados eu estenderia muito este artigo, mas todos sabem... Como suportar tudo com equilíbrio emocional? Será possível?
Sinceramente, creio que seja difícil, mas -podemos e devemos- demonstrar toda nossa indignação com a realidade que estamos vivendo fazendo algo por um mundo melhor, seja para nossos filhos, irmãos, sobrinhos, para nós mesmos. Cada um deve fazer o possível para viver em paz ao menos dentro de seu próprio lar, o que uma minoria consegue. E o que dizer sobre viver em paz consigo mesmo? Quantos não vivem verdadeiros terremotos dentro de seus próprios lares? Estamos todos lutando por justiça, dignidade, respeito, mas não podemos nos esquecer que antes temos que realizar esse trabalho dentro de cada um de nós. Você tem feito isso? Se não faz, comece! Isso não quer dizer deixar de lutar por leis mais justas, mas se fortalecer para que seja possível lutar cada vez com mais forças diante de fatos como os que estamos presenciando.
Ainda que cada um de nós sejamos apenas um nesse Universo repleto de violência e maldade, onde o poder e a força dos mais fortes imperam, busquemos pela paz ainda que seja dentro de nosso pequenino coração entre as pessoas que amamos, com a esperança que essa energia se fortaleça e cresça, contagiando todos aqueles que estão de uma maneira ou de outra distante da luz e da paz tão almejada para que verdadeiramente sejamos todos um.
Juntemos nossa sensibilidade e capacidade de oração para que nesse feriado prolongado possamos refletir e atingir aqueles que sofrem e não sejamos mais um que irá fugir de suas dores, mas que consigamos em cada ato demonstrar nossa força e fragilidade por sermos simplesmente humanos.
Para os familiares que estão passando por perdas tão dolorosas das pessoas que amam, só posso desejar força, luz, coragem e, acima de tudo, muita paz em seus corações e lembrar-lhes que os laços de amor não morrem jamais, estes são eternos e ternos.
Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos, importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança interior. |
Contribuição:
Manoel Trajano
Eng.Especialista em Segurança do Trabalho e Gás Natural
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