sexta-feira, 19 de março de 2010

Sobre Julgamentos



Por Manoel Andrade

Há alguns dias de um grande julgamento que teve repercussão nacional através da mída que é o evento chamado “Caso Isabella Nardoni” fiquei a refletir sobre nossa capacidade de julgar e ser influenciado principalmente pelos atuais veículos de comunicação escrito, falado, televisado, radiofônico e principalmente a “rádio-peão”, ou popular boca a boca. Já condenamos o casal suspeito, você tem alguma dúvida? Somos todos advogados,promotores e juízes e olha que eu sou do tempo remoto de que se dizia “de médico e louco todo mundo tem um pouco” e vai ter gente pensando ao ler isso que eu estou defendendo o casal. Não. Apenas estou me dando o direito de neutralidade e aguardar a manifestação das provas, das testemunhas, dos fatos, das versões para que à luz da justiça dos homens, embora imperfeita, falha, muitas vezes “injusta” para não parecer redundante e diante da justiça divina que não falha, entramos todos como atores acostumados a julgar diariamente nos Reality Shows da vida (BBB,A Fazenda,FAMA,Ídolos,etc.) .

Antes de mais nada você tem idéia de quantos casos como esse acontecem diariamente no Brasil e no Mundo longe dos olhos de um microfone e uma câmera e nada tem essa repercussão toda (não que não mereça mas temos que ter dois pesos e duas medidas). Como não sou terapeuta, nem psicólogo não sou uma pessoa indicada para comentar sobre isso mas na condição de cidadão e leigo, mas com alguma noção básica de psicologia do trabalho que pega genericamente essa base, entendo que coletivamente projetamos nos outros aquilo que nós não nos aceitamos. “Jogamos pedras no telhado do vizinho e esquecemos que o nosso é de vidro”, ou seja, não estamos em condição de julgar ninguém nem nada. Juízes, formados em Direito, erram e muito e olhe que eles tem todo um conhecimento, vocação e base técnica, quanto mais nós, meros leigos.

Costumamos dizer muito “se eu fosse....faria....”. Não temos a mínima condiçao de imaginar em condições diferentes de poder, dinheiro, status. Somos muito vulneráveis. Fico imaginando se o casal for absorvido, mesmo que todas as técnicas, estratégias, provas sejam apresentadas pela promotoria e a defesa tenha todos os elementos de inocentar. De que adianta o povo já julgou e condenou. Que poderá acontecer depois? Serão mortos nas suas penitenciarias por outros presos pelo “código interno” deles. Tem alguma dúvida? É por isso que muitos se suicidam nas cadeias antes que alguém tire a vida deles. Lamentável! Todos se endividam perante o Pai. Nós que julgamos e aqueles que executam ou se destroem. Pobre de nós. Achamos que somos bonzinhos hoje, que já fomos príncipes e princesas de contos de fadas. Nunca fizemos nada de ruim, nunca matamos e fizemos sofrer. Somos vítimas de tudo e estamos acima dos meliantes hoje. Quanta ilusão! Será que temos condição de autocrítica de nos colocar acima de algo que temos atrás praticamos as mesmas ações cobertas pelo véu do esquecimento? A prudência e o bomsenso nos pede moderação, equilíbrio, dicernimento. A mídia na sua maioria nos manipula, nos engessa, nos hipnotiza a despeito de quem está certo ou errado. Cuidado! Veja outras fontes,outros canais,converse com amigos de forma imparcial, converse com juristas,advogados, promotores antes de ter uma opinião formada. Não seja “Maria vai com as outras” e friso mais uma vez. Não estou culpando nem inocentando ninguém, estou apenas me permitindo a neutralidade e que “seja feita a Vossa Vontade” e cada um faça o seu papel. Julgamos principalmente as pessoas públicas, como se elas fossem diferentes na essência de nós. Eles tem problemas pessoais também, tem limitações, defeitos. Entenda-se pessoas públicas artistas,políticos, funcionários públicos, esportistas, escritores, militares,entre outros. Temos que aprender a ver o fundo pelos olhos do outro, temos que ser empáticos e deixar de lado essa hipocrisia de uma falsa condição de superioridade. Entre mensagens subliminares e explícitas somos influenciados por aqueles que vendem audiência e ganham dinheiro com patrocínio, com aqueles que dão ênfase a uma noticia enquanto algo mais grave está ocorrendo e é omitido porque não interessa e não vende naquele momento a noticia. “A televisão me deixou burro,burro demais(Titãs).

Quantas Isabellas, João Helio e crianças furadas com agulhas estão neste momento sendo executadas sem os olhos da mídia? Quantos casos como esse e outros piores já ocorreram no mundo e deixaram de se repetir com essa comoção que o mundo gira em torno? Temos que reverter a polaridade e passar a vibrar positivamente, orar e pedir preces pelos homens, principalmente pelos governantes que revejam nosso processo educativo, social, público e que sabemos que nosso processo de transição sofrido ainda convive com crimes hediondos, covardes como esse do policial que em 4 dias de casado matou a esposa com vários tiros por ciúme, de índios queimados em bancos de pontos de ônibus, de mendigos sendo queimados nas ruas de São Paulo e tantas outras mazelas banalizadas na forma de violência e do sexo promíscuo movidos na grande maioria das vezes por drogas e álcool(que também é uma droga).

Julgar é fácil, muito fácil mas, como dizia o Mestre Jesus , mudando um pouco a redação a meu modos opeanti” seremos julgados na mesma medida com que julgamos hoje....”

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