terça-feira, 16 de março de 2010

SOBRE O CARTUNISTA GLAUCO,CONHECENDO A RELIGIÃO DO SANTO DAIME E ALGUMAS VERDADES...

Frase do mês

"É cada vez mais difícil vender a alma ao Diabo, por excesso de oferta."
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), poeta.

terça-feira, 16 de março de 2010

Quem foi Glauco

QUEM FOI GLAUCO

Glauco sempre sentou na turma do fundão

No começo dos anos 70, o encontro com o jornalista José Hamilton Ribeiro, que dirigia o "Diário da Manhã", em Ribeirão Preto, tirou o paranaense Glauco da fila do vestibular para Engenharia e o jogou direto para as páginas do jornal, já com uma tira: "Rei Magro e Dragolino".

Alguns anos mais tarde, em 1976, a premiação no Salão de Humor de Piracicaba abriu as portas do jovem cartunista para a grande imprensa. Em 1977, Glauco começou a publicar suas tiras esporadicamente na Folha de S. Paulo. A partir de 1984, quando a Folha dedicou espaço diário à nova geração de cartunistas brasileiros, Glauco passou a publicar ali suas tiras.

O cartunista é autor de uma família de tipos como Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge e Geraldinho.

Para a estação UOL Humor, Glauco criou em maio de 2000 os personagens Ficadinha -publicada aos sábados- e Netão -publicado às terças e quintas. Netão é "uma mistura de Casal Neuras com Geraldão", explica Glauco. "Ele é um cara metropolitano, de uns 30 anos, que vive internado no apartamento e viaja pela tela do computador."

Nesses anos, as histórias se transformaram, sintonizadas com mudanças de comportamento, modas e manias, mas Glauco continua fiel ao seu traço único e desenha com nanquim no papel. Usa o computador só para colorir as tiras, depois de escanear seus desenhos. "Para meu tipo de desenho, só mesmo com a pena, que dá um traço peculiar", revela.

Ex-guitarrista, o pisciano Glauco também já inspirou personagens de outros cartunistas. Angeli baseou-se nele para criar o Rhalah Rikota, "na época em que o Glauco era seguidor do guru indiano Rajneesh", diz Angeli.

"Eles sempre me gozaram muito por causa do meu lado místico, principalmente depois que entrei para o Santo Daime", conta Glauco. "Daimista" há anos, Glauco dirige um centro de estudos que usa a bebida feita de cipó -a ayahuasca- para fins religiosos, em cerimônias inspiradas em rituais praticados por índios da Floresta Amazônica.

O cartunista Glauco Villas Boas, 53, morreu na madrugada do dia 12 de março de 2010, em Osasco (SP), junto com seu filho, Raoni Villas Boas, de 25 anos.

"Comecei a desenhar no segundo grau. Sempre desenhei na turma do fundão, que eu fui freqüentador assíduo. Desenvolvi essa linguagem e vi que era uma ferramenta muito poderosa: o humor aliado com caricatura. Desde você fazer caricatura dos professores, de algum colega de classe...

Também tive contato com o pessoal do Pasquim. Conheci o Henfil, todos aqueles desenhistas, o Ziraldo. Aquilo foi me inspirando.

Quando me mudei para Ribeirão Preto, para prestar vestibular para Engenharia -por incrível que pareça, eu ia prestar vestibular para Engenharia. Não tem nada a ver comigo. Eu levei a sorte de na época o Hamilton Ribeiro, que é um grande jornalista, estar dirigindo o "Diário da Manhã", um jornal de Ribeirão Preto. Ele viu meu trabalho, gostou muito, e me contratou para fazer uma tira diária. Assim começou minha profissão.

Essa primeira tira era o Rei Magro e o Dragolino. Era um rei muito louco, que vivia fumando um baseado, e o Dragolino enfrentando ele. Era essa dupla, num universo de hippie, de rock.

Na época estava no auge do Salão de Humor de Piracicaba, em 1976. Fui premiado e isso me abriu as portas para a grande imprensa, principalmente para a Folha de S. Paulo. Em 1977 comecei a publicar esporadicamente na Folha. No Acontece. Também estava surgindo o Folhetim, que o Tarso de Castro dirigia, e o Angeli era responsável por uma seção de humor na contracapa, que chamava Viralata. Aí eu comecei a publicar toda semana nessa seção. Foi esse o começo na Folha.

Em 84, a Folha criou a seção de quadrinhos para desenhista nacional e, com aquela lei de 50% do espaço para o pessoal da casa, a gente começou a desenvolver pela primeira vez a tira nacional diária, para competir com a americana."


"O Angeli sempre tirou muito sarro de mim porque eu sou muito místico. Sou pisciano. Sempre gostei da linha espiritual, de estudar. Depois que eu comecei a freqüentar o Santo Daime -que é uma bebida que vem lá da Amazônia, que os índios consagram-, eles (Angeli e Laerte) tiraram muito sarro dessa minha nova jornada. Chegaram a fazer história sobre o Glauquito, que montou uma religião, encontrou suas raízes, montou uma seita e fez um chá com as suas raízes.

O Rhalah Rikota eu não tinha antenado que o Angeli tinha feito especialmente para tirar um sarro mas, com essa confissão dele eu me sinto muito honrado.

Eu sou daimista. Criamos um grupo de estudo e passamos a receber o Daime lá da floresta. É um centro de pesquisa espiritual. O Daime tem um potencial de cura muito grande.

Eu coordeno o ritual, que é bastante musical. São vários hinos, recebidos pelos caboclos lá da mata, que a gente executa depois de ter ingerido o Daime. A gente faz um trabalho musical e dentro desse trabalho musical as pessoas vão estudando, dentro da força do Daime, porque ele é um expansor de consciência.

O Daime me trouxe muita disciplina, principalmente com meu trabalho de cartunista, do traço. Também relacionado à saúde, porque eu era muito exagerado, boêmio, e isso atrapalhava o meu dia a dia. O traço é uma coisa que você precisa estar harmonizado com você mesmo. Nesse sentido, senti uma evolução muito grande, no meu trabalho e em todos os aspectos da minha vida."

(Reportagem-Mara Gama)

 

-- http://baby-fazendodiferenca.blogspot.com/2010/03/homenagem-glauco.html

 

head1_p.gif (1785 bytes)

Cientes de que o nosso domínio www.santodaime.org engloba também outras vertentes do universo daimista, estamos iniciando para breve a publicação nessa seção da árvore genealógica da Tradição do Santo Daime, nos colocando disponíveis para publicar um pequeno resumo dessas linhas e agremiações espirituais co-irmãs que comungam o mesmo sacramento e têm grande semelhança inclusive em termos de ritual e doutrina. Estaremos disponíveis para publicar nessa seção pequeno histórico do grupo ou igreja daimista, endereço de centros filiados, pequena biografia dos dirigentes que forem indicados e links para suas respectivas páginas. Os centros ou pessoas credenciadas por estes deverão mandar seu material via e-mail para alexpolari@yahoo.com e josemurilo@yahoo.com.

O movimento religioso do Santo Daime começou no interior da floresta amazônica, nas primeiras décadas do século XX, com o neto de escravos Raimundo Irineu Serra. Foi ele que recebeu a revelação de uma doutrina de cunho cristão, a partir da bebida Ayahuasca (vinho das almas), por nós denominada Santo Daime.
A bebida, de uso bastante difundido pelos povos indígenas da região, é obtida pela coccão de duas plantas, o cipó Jagube (banesteriopsis caapi) e a folha Rainha (psicotrya viridis) ambas nativas da floresta tropical. Ela tem propriedades enteógenas, isto é, produz uma expansão de consciência responsável pela experiência de contato com a divindade interior, presente no próprio homem.
Segundo o próprio Mestre Irineu, ele recebeu essa Doutrina através de uma aparição de Nossa Senhora da Conceição,em uma das primeiras vezes que tomou a bebida, na região de Basiléia, Acre. Os hinos do Mestre, que ele começou a receber a partir do começo da década de 30 trouxeram uma forte ênfase nos ensinos cristãos e uma nova leitura dos Evangelhos à luz do Santo Daime, para afirmar, nos tempos de hoje, os mesmos princípios de Amor, Caridade e Fraternidade humana.

 

Um Evangelho nascido na floresta
A revelação do Santo Daime, na forma das visões que deram origem as músicas e as palavras dos hinos dos mestres que ainda hoje são cantados durante os trabalhos da doutrina, se constituem para os participantes numa nova revelação, o Terceiro Testamento, uma leitura do cristianismo à luz da ahyauasca. Este movimento típico de um novo início de era, foi capaz de motivar um povo a seguir um homem humilde e analfabeto, de grandes barbas brancas e muita sabedoria, chamado Sebastião Mota de Melo, que reuniu esse povo na floresta numa comunidade intencional e solidária, com a finalidade de viver uma vida mais espiritualizada e em harmonia com a Natureza. pad_maua.jpg (2962 bytes)

 

Veja mais em: http://www.santodaime.org

 

 Ex-praticante conta os bastidores do Santo Daime
14 de março de 2010 18h29

Comentários
895
Daniel Favero
Direto de Porto Alegre

O assassinato do cartunista Glauco Villas Boas e seu filho Raoni, na madrugada de sexta-feira em Osasco, São Paulo, trouxe à tona discussões sobre o Santo Daime, como é mais popularmente conhecido o uso ritualístico da Ayahuasca, o chá feito a partir de duas plantas da região amazônica e que tem propriedades alucinógenas. O cartunista era fundador de uma igreja baseada no daime e foi morto no templo que havia construído no terreno de sua casa.

O jovem apontado como autor do crime teria se aproximado da igreja de Glauco com o objetivo de livrar-se do uso de drogas. Foi essa suposta capacidade atribuída ao uso do chá que atraiu João (o nome é fictício), um jovem com histórico de dependência de substâncias ilícitas que aceitou explicar ao Terra o que viu e sentiu em suas experiências como daimista.

João ouviu falar do chá pela primeira vez no final dos anos 1990, quando morava em Rio Branco, capital do Acre. O nível de informações, porém, era insuficiente. Talvez um reflexo da falta de aceitação do ritual em parte da sociedade. Mas como o daime faz parte da cultura da região Norte, João encontrou em uma colega de faculdade em Manaus (AM) a oportunidade de conhecer a Ayahuasca.

Sua primeira impressão foi a de que o daime baseia-se numa doutrina cristã. "Antes de participar de uma das cerimônias, ou trabalhos, como são conhecidas, eu teria de passar por uma entrevista com membros da igreja, que ficava localizada em uma área menos populosa, nos arredores de Manaus", conta ele.

Os líderes da igreja fizeram perguntas a João. "Eles questionaram porque eu queria tomar daime, se tinha histórico de uso de drogas, e se possuia conhecimentos sobre espiritualidade. Me pediram que ficasse três dias sem ingerir bebidas alcoólicas e até sem comer carne vermelha antes da cerimônia", disse.

O estudante também ouviu histórias sobre a origem do daime, sua relação com a cultura amazônica, a ligação com a floresta, simbologia, como são realizados os trabalhos e outros detalhes. João também constatou que os freqüentadores mais assíduos, ou fardados, vivem nos arredores da igreja, em uma espécie de comunidade. As pessoas vêm das mais diferentes formações. Há desde agricultores até policiais e advogados. Mas há também os que chegam à igreja como curiosos, interessados em experimentar a bebida. Estes sofrem com a reação clássica do chá, o vômito.

O daime é tomado basicamente em três "linhas", cada qual com suas características de ritual: daime, união e barquinha. O Santo Daime é a ramificação mais ligada aos signos da igreja católica e é bem rígida durante os trabalhos. Existe até um fiscal que ajuda nos momentos de aperto, afirma João.

São determinados os lugares onde você deve ficar na igreja, quanto tempo e para onde você pode se afastar, para "não quebrar a corrente" no decorrer da cerimônia. Há duas etapas nos trabalhos, a concentração, quando se fica em silêncio por cerca de uma hora após tomar o chá, intercalando com alguns hinos (músicas da doutrina), e o bailado, quando se faz uma espécie de coreografia dando dois passos para cada lado, em cerimônias que podem durar de sete a doze horas.

A União do Vegetal tem um círculo mais restrito, mas não tão rígido. Durante as cerimônias é possível conversar e fazer perguntas ao responsável pela cerimônia. Os hinos são diferentes, mas o que importa é a mensagem, diz João.

João também conheceu a Igreja da Barquinha, dessa vez em Rio Branco. O local é parecido com uma igreja católica e o ritual se assemelha bastante com o do Santo Daime, com a diferença da inclusão de entidades afro-brasileiras nos rituais.

Em comum entre as três linhas está o chá. Feito da mistura de um cipó e de folhas de um arbusto da Amazônia, ele começa a fazer efeito em cerca de 20 minutos. A primeira reação é uma espécie de sonolência, com muitos bocejos. "A partir desse ponto, a sensibilidade aos sons e à luz fica mais forte, assim como o torpor que oscila em momentos mais fortes e tranquilos, de acordo com o hino", descreve João.

O chá leva o usuário a momentos de auto-análise para depois encontrar o ápice do efeito, quando fica difícil de manter a concentração. "Nesse ponto ocorrem mirações, efeitos alucinógenos do chá. Antes ou depois delas me senti mal e vomitei, um efeito conhecido como peia, que é comum entre os daimistas", relata João.

A peia é incômoda, mas depois dela a sensação é boa, e muda de acordo com o hino que estiver sendo cantado. A música é parte importante no ritual. No daime e na barquinha, os visitantes recebem inclusive um hinário para poder acompanhar e cantar as músicas.

João frequentou os cultos por seis meses e conta que a experiência com a Ayahuasca foi positiva e o ajudou a livrar-se das drogas, inclusive do álcool. Mas que não há como generalizar: "Cada um que toma tem uma experiência diferente", afirma.

No período em que freqüentou as igrejas, João afirma que notou alterações significativas em pessoas que passaram a ser mais assíduas nos rituais. "Algumas realmente abdicam da vida social e se isolam em comunidades no meio da mata", diz ele.

"Vi em muitos casos pessoas achando eram mais puras e elevadas, diziam ter contatos com entidades elevadas, o que de certa forma causava risos entre os praticantes mais velhos", afirmou.

"Ao tomar o daime, a pessoa não pode se deixar levar por devaneios egocêntricos, que provavelmente viriam à tona em um outro momento de sua vida", disse.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4319732-EI306,00-Expraticante+conta+os+bastidores+do+Santo+Daime.html

Nenhum comentário: