segunda-feira, 26 de abril de 2010

espiritualidade ou religião


 

ESPIRITUALIDADE OU RELIGIÃO

 

O texto comenta o episódio envolvendo os jogadores do Santos numa visita ao

Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de crianças com paralisia

cerebral para entregar ovos de Páscoa. Uma parte dos atletas, entre eles,

Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa, se recusou a entrar na entidade e

preferiu ficar dentro do ônibus do clube, sob a alegação que são

evangélicos. Concordo integralmente com o autor e sempre digo: Deus une,

religião separa. Bem aventurado aquele que rompe com suas crenças e parte em

busca do que é real.

 

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não

erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em

fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço que o

Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a

pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da

religião.

 

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais

de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos

universais de todas e cada uma das tradições de fé.

 

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno,

ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo, ou mesmo se

você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para

alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa

a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de

Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão,

você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição

social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo

religião.

 

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas

umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de

um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro

os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e

devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção

dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros

deixam de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo

extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um

deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

 

Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como

reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e

caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as

tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de

espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os

valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os

discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de

superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala,

independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

 

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus.

Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina - ou

pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para

uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia cerebral.

 

Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho
 
 

Enviado por Maria Luíza/BA

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