domingo, 25 de julho de 2010

As origens da Umbanda



 

As Origens da Umbanda

 

(...)

_ Mas poderia me esclarecer qual a verdadeira natureza e origem da Umbanda? Às vezes se é mal informado a respeito e confunde-se muito Umbanda com Espiritismo. A ignorância a respeito é generalizada.

  _ Pois bem Ângelo tentarei trazer um pouco de luz sobre o assunto, embora não pretenda esgota-lo.

  Desde que os negros foram tirados de sua terra, na África vieram para o Brasil com o rancor e o ódio em seus corações, pois muitos foram enganados pelo homem branco e feitos prisioneiros, escravos e feridos em sua dignidade, distantes da pátria e dos que amavam. Foram transcorrendo os anos de lutas e dores e o negro mantinha em seus costumes e na religião, a invocação das forças da natureza, as quais chamavam de orixás, espécies de deuses a quem cultuavam com todo o fervor de suas vidas. Aprenderam com o tempo a se vingar de seus senhores e déspotas, através de pactos com entidades perversas e com as magias negras, que outra coisa não era senão as energias magnéticas empregadas de forma equivocada. Dessa maneira o culto inicial aos orixás foi-se transformando em métodos de vingança, em pactos com entidades trevosas que assumiam o papel dessas forças da natureza ou orixás, disseminando o que se chamava de Candomblé que, na época era um disfarce para uma serie de atividades menos dignas no campo da magia.

  Com o tempo, foi-se formando uma atmosfera psíquica indesejável no campo áurico do Brasil, que havia sido destinado a ser a pátria do evangelho redivivo, onde estava sendo transplantada a árvore abençoada do Cristianismo pelas bases eternas do Espiritismo. A psicosfera criada no ambiente espiritual da nação foi de tal maneira violenta que entidades ligadas aos lugares de sofrimento nas senzalas encarnavam e desencarnavam conservando o ódio nos corações com exceção daquelas que entendiam o aspecto espiritual da vida. Assim a magia negra foi se espalhando em forma de culto pelas terras brasileiras. Do norte ao sul do país, as oferendas, os despachos ou os ebós eram oferecidos pelos pais-de-santo, pelos mestres do Catimbó ou de outros cultos que proliferavam a cada dia, criando uma crosta mental sobre os céus da nação.

  Nos planos etéreos da vida, reuniram-se então entidades de alta hierarquia com o objetivo de encontrar uma solução para desfazer a egrégora negativa que se formava na psicosfera do Brasil. A magia negra deveria ser combatida e seus efeitos destrutivos haveriam de ser desmanchados de maneira a transformar os próprios centros de atividades dos cultos degradantes em lugares que irradiassem o amor e a caridade, única forma de se modificar o panorama sombrio. Havia necessidade de que espíritos esclarecidos se manifestassem para realizar tal cometimento. E assim, foram se apresentando uma a uma, aquelas entidades iluminadas que haveriam de modificar suas formas perispirituais, assumindo a conformação de pretos velhos e caboclos e levariam a mensagem de caridade através da Umbanda cujo objetivo inicial seria o de desfazer a carga negativa que se abatia sobre os corações dos homens no Brasil. A Umbanda seria o elo de ligação com o Alto; penetraria aos poucos nos redutos de magia negra ou nos terreiros de Candomblé, os quais ainda se mantinham enganados quanto às leis de amor e caridade e iria transformando com as palavras de um preto velho ou as advertências do caboclo, os sentimentos das pessoas. E para isso meu amigo, era necessário que elevados companheiros da Vida Maior renunciassem a certos métodos de trabalho considerados mais elevados e se dedicassem às atividades que a Umbanda se propunha. A esses companheiros de elevada hierarquia espiritual juntaram-se espíritos de antigos escravos e índios que serviram por muito tempo nas fazendas e nos arraiais da Terra do Cruzeiro e em sua simplicidade e boa vontade, propuseram-se a trabalhar para demonstrar ao homem branco e civilizado as lições sagradas da Umbanda. Manifestavam-se aqui e acolá ensinando suas rezas, mandingas e beberagens, auxiliando a curar doenças e dando lições de amor e humildade. Na verdade, a Umbanda tem conseguido seu intento e aos poucos vão sumindo dos corações dos oprimidos o desejo de vingança, o ódio e o rancor. Os cultos afros em sua essência vão se transformando, auxiliando o progresso daqueles que sintonizam com tais expressões de religiosidade. A Umbanda está modificando o aspecto desses cultos de origem africana e transformando-os gradativamente numa religião mais espiritualizada.

  Na palavra de um caboclo ou de um preto velho, a lei de causa e efeito é ensinada por meio de Xangô que simboliza a justiça; a reencarnação torna-se mais compreensível às pessoas mais simples quando o preto fala de sua outra vida como escravo e da oportunidade de voltar a Terra em novo corpo, para ajudar seus filhos. A força das matas, das ervas, é ensinada na fala de Oxossi; o amor é personificado em Oxum e a força de transformação, a energia da vitalidade é apresentada nas palavras de Ogum.

  Mas há muito ainda que fazer, muito trabalho a realizar. Nossa explicação não esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da Umbanda que guarda suas raízes em épocas muito distantes no tempo. Agora não temos muito tempo para falar sobre isso.

  Mas, curioso como sou, não deixaria passar a oportunidade e não me fiz de rogado, perguntando mais a Anselmo, que me respondia com boa vontade.

  _ E quanto a esses pais-de-santo e centros de Umbanda que se espalham pelo país, será que estão conscientes disso tudo?

  _ Não podemos esperar a mesma compreensão por parte de todos, meu filho – respondeu-me. _ Existe muita ignorância no meio e os próprios responsáveis pelos terreiros e pelas tendas umbandistas concorrem para que o povo tenha uma idéia errada da Umbanda. Em seus fundamentos, a Umbanda nada tem a ver com o Espiritismo, o que não é bem esclarecido nos meios umbandistas. Começa aí a confusão. Tomou-se emprestado o nome "espírita", como se ele designasse todas as expressões de mediunismo e descaracterizou-se muito a Umbanda. Por outro lado, espíritos tem baixado ao mundo com a missão de esclarecer e de certa forma dar um corpo doutrinário à Umbanda, escrevendo livros sérios a respeito do assunto, os quais são ignorados por muitos adeptos. Aos poucos, a verdade irá se espalhando e quem sabe, num futuro próximo haveremos de ver abolidos os sacrifícios de animais, as oferendas e uma série de outras coisas que nada tem a ver com a Umbanda, mas com outras expressões de cultos de origem afro, os quais são respeitáveis mas diferem em seus objetivos da verdadeira Umbanda.

  Pais e mães-de-santo que vivem enganando as pessoas, ciganas e ledoras de sorte que cobram por seus "trabalhos", não tem nenhuma relação com os objetivos elevados que os mentores da Umbanda programaram. São pessoas ignorantes das verdades eternas e responderão ao seu tempo por suas ações inescrupulosas.

  A caridade é lei universal e nós que trabalhamos nas searas umbandistas devemos ter nela o guia infalível de nossas atividades. Assim como nem todos os centros espíritas que dizem adotar a codificação de Allan Kardec são na realidade espíritas, também muitas tendas e terreiros não representam os conceitos sagrados da Umbanda. Acredito que Allan Kardec permanece ainda grandemente desconhecido entre aqueles que se dizem adeptos da doutrina espírita, como também você poderá notar que muitos umbandistas permanecem ignorantes das verdades e dos fundamentos de sua religião. Temos que trabalhar unidos pelo bem e esperar; o tempo haverá de corrigir todos os equívocos de nossas almas, através das experiências que vivenciarmos.

(...)

 

Retirado do livro Tambores de Angola (Psicografado por Robson Pinheiro, pelo espírito Angêlo Inácio)

 
Enviado por Ana Clara/BA

Um comentário:

Anônimo disse...

Pra quem não sabe!!!
A Umbanda é universal e tão pouco teve origem na África e tão pouco é brasileira. Imaginem, como o Astral Superior não iria antever a maldade na terra e criar a Umbanda ddepois para combater as entidades do astral inferior.