sábado, 24 de julho de 2010

Mensagem psicografada na mediúnica de 22 de julho de 2010




Lagartas e Borboletas

 

 

Levava uma boa vida, cheia de conforto, mas deu-se a atormentar visitado por uma angustia intraduzível. Decidiu partir o servidor para um trabalho braçal qualquer.

Munido da enxada limpou a gleba nos fundos da própria casa. Depois, vestido pelo suor, arou o terreno, afofando o solo, produziu sulcos para o recebimento da semente.

Ainda sob a canícula ardente, aguou a terra e esperou pacientemente para que a horta lhe trouxesse a sementeira do esforço de vários dias.

Seguiu a vida, livre da angustia e ministrando as exigências materiais, que não eram poucas na vida profissional.

Passaram-se mais alguns anos, com o bom amigo sempre ligado ao Alto, renovando sua fé no encontro diário com Jesus.

Mas, decidiu por atormentá-lo o medo!

A violência assolava por todo canto. As notícias atestavam a falência do amor, entrincheirando a sociedade entre a crueldade e a própria demência das atitudes bestializadas.

Encontrou-se então, repentinamente assaltado pelo pânico, que assomava as mentes todas em verdadeiro cilício comunitário.

Resolveu por bem entregar-se a persistência da prece.

Prostrava-se de joelhos e rogava ao Alto que lhe trouxesse fé e paz ao coração torturado pelo medo.

Tanto orou, entregando-se a sentida conversa com o Criador, que pouco a pouco sua tibieza foi dando lugar a tenacidade da confiança, que cerca-nos de certezas e fé, sem abrir brechas para o medo, incendiário do desespero.

Retomou assim a paz no coração e prosseguiu na jornada da vida sem maiores agastamentos.

Até quando, passados alguns anos, foi visitado por proeminente falência financeira, numa crise sem precedente explicável.

Vendo que suas forças de empresário estavam sendo vencidas pelos dragões da economia cruel, decidiu buscar outros horizontes.

Com disciplina entregou-se novamente ao estudo, buscando novos aprendizados e atualização profissional.

Diante da crise que também abateu grande número de pessoas, não se deixou vencer e procurou desvendar os mistérios de novas profissões.

Com disciplina revigorada, conseguiu galgar de novo os degraus do conforto e da tranqüilidade financeira.

Os dias correram junto ao sucesso empresarial e de súbito se viu assaltado pela fama inesperada, que lhe trouxe muitos rostos desconhecidos e bajuladores próximos ao seu. Verdadeiros aduladores que ousavam penetrar no reduto da sua intimidade, trazendo-lhe grande desconforto e descontentamento.

Viu que tornar-se um homem público não é algo fácil e repentinamente sentiu-se acometido pela tristeza, ultrajado no próprio direito de ser natural, e, começou, mesmo sem perceber, a viver de acordo com aquele perfil criado pela mídia.

A tempo de perscrutar os próprios anseios trânsfugas, entendeu que ocultava no peito a tristeza que vem junto com a fama no vazio das aparências.

Reuniu para junto de si os amigos sinceros do tempo antigo e projetou-se na humildade, negando as ovações e comendas da fama ao seu nome.

Tanto fez permanecendo nesse estado de aversão a popularidade, que conseguiu fugir dos holofotes, retomando a singeleza da personalidade e a alegria de ser livre para poder errar.

Passaram-se muitos anos de tranqüilidade, juntando decênios de vida até a visita da senilidade, quando então, a doença resolveu traçar-lhe caminho doloroso.

Tentou aproximar-se dele a revolta, mas ele, já consciente da fortaleza instalada no próprio coração, entregou a Jesus seus padecimentos, aceitando a dor como porta escancarada para a transformação.

E notou, após sofrimento que lhe rompia o casulo do ventre dorido e arrastado, nova compleição...

Assim, então, deixou a carne estendida no leito frio do hospital, para transmudar-se em borboleta esclarecida, batendo asas à liberdade espiritual, na grande mudança a que todos nós um dia seremos convidado, quando passaremos de lagartas que se arrastam pela terra, a borboletas espirituais que podem voar, na metamorfose de crisálida iluminativa.

Assim, através do trabalho, da prece e da fé, da disciplina, humildade e aceitação da dor, erguemos as forças de caráter daqueles que nunca desistem, nunca entregam os pontos, pois estão ligados diariamente ao Cristo no concurso da força de viver.                        

 

Carlos Damasceno

Mensagem recebida na reunião mediúnica da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla em 22/07/2010



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