quarta-feira, 6 de abril de 2011

07/04/11 - Dia Mundial da Saúde – Não há o que comemorar!

Por Manoel Trajano

Você já se perguntou por que quando alguém espirra no Brasil, se fala “saúde”. Na verdade é uma tradução errada de “God Bless You”(Deus te abençoe) que foi criada porque antigamente quando ainda não se sabia o motivo do espirro(hoje há varios motivos) se achava que era coisa do demônio, daí o original em inglês. A versão brasileira acabou sendo mais justa.

Sou totalmente leigo na área de saúde, mas como cidadão e acompanhando e vivenciando o caos da saúde mundial e particularmente a brasileira, não vejo motivos para comemorar. Recentemente senti na pele ao testemunhar meu irmão conduzindo meu sobrinho para a emergência de um grande e renomado hospital particular de Salvador, praticamente invadindo porque eles estavam negando atendimento alegando lotação. Ora, o nome “emergência” já implica em algo que não se pode esperar, ou seja, meu sobrinho teria que estar literalmente morrendo para eles ainda analisarem a possibilidade de ser atendido.Sem comentários. Como numa sintonia ímpar, na mesma semana o Globo Repórter mostrou as emergências de todo o Brasil contemplando falta de estrutura, profissionais, medicamentos e principalmente bom senso. Nessa rota se incluía o Hospital de Base de Brasília, aquele mesmo que o recém eleito Presidente Tancredo Neves morreu. Isso mesmo.

Às vésperas do Carnaval, vê-se greve justa e legal do SAMU por vergonha nos salários. Enquanto isso os senhores melhores que todo mundo Vereadores,Deputados,Presidente,Governadores,Secretários de Estado,Ministros gozam de bons hospitais e clínicas para serem atendidos e claro,obtendo regalias nos seus atendimentos, com certeza. Por que a saúde do Brasil é tão massacrada com Planos de Saúde caros que, quando você mais precisa causam tanta dor de cabeça? Por que será que não se investem mais em clinicas e hospitais para a população seja ela pobre, rica ou mediana? Segundo uma declaração que ouvi numa rádio de um presidente do sindicato dos hospitais privados da Bahia a questão é tributária. Diminui-se alíquotas na linha branca e não na carga de impostos da rede médica. E por aí vai. É uma questão eleitoreira descarada. Não se investe em algo que dá voto, pois nas eleições o assunto é abordado, debatido e prometido mudanças mas depois, esquecem e o povo também esquece e é enganado.

É inadmissível que uma cidade como Salvador (e Brasil afora) com falta de leitos e incapaz de estar preparada para uma emergência multivítimas, ou seja se houver uma explosão, incêndio, queda de aeronave, entre outros em nossa cidade do axé music, vamos ter um numero expressivo de mortes que poderiam ter sido evitadas no atendimento pos-trauma. Não vou entrar no mérito da prevenção porque ainda vai ser pior o quadro, pois vive-se numa cidade sem fiscalização, sem cultura prevencionista e sem o mínimo de interesse em acreditar que é possível acontecer um desastre. A chuva ta chegando e é um bom medidor do nosso preparo. Numa epidemia de gripe, dengue e meningite as filas quilométricas nas clinicas particulares já mostram o caos que está instalado nos hospitais públicos.

Muita demagogia e pouquíssima ação. Ministérios têm tido trocados seus ministros para agradar partidos de alianças e ninguém faz mudanças substanciais na saúde da população. Construções de hospitais são abandonadas por improbidade administrativa. Em Santo Antonio de Jesus, na Bahia um hospital federal ficou no esqueleto (estrutura) quase 20 anos e só recentemente o estado concluiu a obra e opera com capacidade mínima, sem concurso publico ainda e com prestação de serviço.

Não valorizamos os profissionais de saúde como eles merecem e os culpamos por problemas no atendimento. Há maus e bons profissionais em todos os lugares, mas o que há por trás é uma falta de vergonha política que só um povo como o brasileiro pode tolerar sem reagir. Fazem o que querem e nada se muda. Sinceramente rezo todo dia para não ter nada, seja doença ou acidente, pois o que me espera no serviço público não me alenta esperanças de ser salvo. Lamentavelmente.

Pelo mundo a coisa não é diferente. Invadem-se países sob o pretexto da liberdade e da democracia quando na verdade estão de olho no petróleo (Líbia,por exemplo) mas ninguém invade para salvar o povo da fome,da sede,da miséria absoluta na África,no Oriente Médio, na América Latina, ou seja, porque não dão dinheiro e nem votos. Os verdadeiros heróis que Pedro Bial deveria enaltecer não são os do BBB e sim dos médicos e enfermeiros voluntários nos front de batalha pela vida no Nordeste brasileiro, no Haiti, na própria África e Oriente Médio que cumprem sua brilhante profissão sem pensar no dinheiro.

Nossa previdência social falida e quebra pelos roubos sucessivos sem recuperação de valores que se perdem no mar da impunidade agrava o quadro de injustiça com a deplorável “alta programada” em que peritos tais quais robôs programados pelo Governo Federal, liberam pessoas de volta ao trabalho sem a mínima condição física, psicológica e emocional de se sustentar e sustentar seus dependentes.

Que este dia mundial da saúde seja um dia de nova perspectiva de mudança de atitude por aqueles que governam e legislam nosso país porque a vida humana NÃO TEM PREÇO.

Parabéns a minha irmã Zade pelo seu aniversário. Paz, amor, felicidades e SAÚDE!

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