Fonte:www.apologeticaespirita.org.br
A Nova Literatura Mediúnica
"E falem dois ou três profetas, e
os outros julguem." Paulo
(I Coríntios 14:29)
As palavras de Paulo – inegavelmente a maior autoridade em assuntos mediúnicos dos
tempos apostólicos – deveriam servir de alerta àqueles que têm a responsabilidade da
publicação de obras de origem mediúnica.
A literatura mediúnica tem aumentado de maneira assustadora. Diariamente, aparecem
novos médiuns, novos livros, alguns bem redigidos, se observados quanto ao aspecto
gramatical, mas de conteúdo duvidoso se analisadas as revelações fantasiosas, que iludem
muitos novatos, ainda sem conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame criterioso
daquilo que leem.
Muitos desses livros se originam de Espíritos ardilosos que, de maneira sutil, se lançam
no meio espírita como arautos de novas revelações capazes de encantarem leitores menos
preparados, aqueles sem um lastro de conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame
lúcido, capaz de os levar a conclusões esclarecedoras.
Muitas pessoas que conheceram recentemente a Doutrina, antes de estudarem Kardec,
Léon Denis, Gabriel Delanne e outros autores conceituados; antes de lerem as obras de
médiuns como Chico Xavier, Yvonne A. Pereira, Divaldo Franco, José Raul Teixeira, estão se
deparando com obras fantasiosas, escritas em linguagem vulgar, contendo o que pretendem
seus autores – encarnados e desencarnados – sejam novas revelações.
Emmanuel, André Luiz, Meimei, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis e
tantos outros Espíritos se tornaram conhecidos e respeitados pelo conteúdo sério, objetivo,
seguro, esclarecedor de suas obras, sempre redigidas em linguagem nobre. Esses Espíritos
conquistaram, pouco a pouco, o respeito, a credibilidade e a admiração do público espírita pelo
conteúdo de seus escritos, na forma de mensagens ou de livros, publicados espaçadamente,
como que dando tempo a um estudo sereno e criterioso do seu conteúdo.
Nos dias que correm, infelizmente, o quadro se modificou. Muitos médiuns, valendo-se
de nomes respeitáveis tentam impor-se aos leitores espíritas, não pelo valor das mensagens
em si, mas escorados em nomes respeitáveis.
Sabendo-se que nomes pouco importam aos Espíritos esclarecidos, é de se perguntar
por que os benfeitores que se notabilizaram através de Francisco Cândido Xavier haveriam de
continuar usando seus nomes em mensagens transmitidas através de outros médiuns? Se o
importante é servir à causa do Bem, por que essa identificação tão pessoal, tão terrena? Não
seria mais consentâneo com a impessoalidade do trabalho dos Servidores do Bem deixar que o
valor intrínseco da mensagem se revele, sem estar escorado num nome conhecido? Por que
não deixar que a mensagem se imponha pelo valor de seu conteúdo? Por que escudar-se em
nomes respeitáveis, quando o texto não resiste a uma comparação, até mesmo superficial, de
conteúdo e, às vezes, até mesmo de forma?
Por que essa ânsia insofreável de publicar tudo o que se recebe – ou que se imagina ter
recebido – dos Espíritos? Onde o critério, a sobriedade tantas vezes recomendada na obra de
Kardec? Será que o público espírita já leu, estudou, analisou, entendeu toda a produção
mediúnica produzida até agora?
Ao dizer isso não se está afirmando que a fase de produção mediúnica está encerrada.
Sabe-se que a Doutrina é dinâmica, que a revelação é progressiva. Progressiva, e não
regressiva, pois há obras que estão muito abaixo daquilo que se publicou até hoje, para não
dizer que há aquelas que nunca deveriam estar sendo publicadas.
Infelizmente, os periódicos espíritas, de modo geral, não publicam análises dessas
obras que estão sendo comercializadas, ostentando indevidamente o nome da Doutrina.
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Impera, no meio espírita, um sentimento de falsa caridade, um pieguismo mesmo, que
impede se análise uma obra diante do público. Essas atitudes é que encorajam médiuns ávidos
de notoriedade à publicação dessa verdadeira avalancha de obras, que vão desde aquelas
discutíveis a outras verdadeiramente reprováveis.
Nesse particular, é justo se chame a atenção dos dirigentes de núcleos espíritas, sejam
centros, sejam livrarias, a fim de que avaliem a responsabilidade que lhes cabe quanto ao que
é dado a público em nome do Espiritismo. O dirigente – ou o grupo responsável pela direção
de uma casa espírita – responderá perante o Alto, sem a menor dúvida, pela fidelidade aos
princípios doutrinários de tudo o que se divulga em nome do Espiritismo, seja na exposição
oral, num livro ou simplesmente num folheto. O mesmo se diga relativamente àqueles
responsáveis pelas associações intituladas
"clube do livro".
José Passini
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