quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DIVAGAÇÃO SOBRE FINADOS

Por Manoel Trajano
Engenheiro Civil,especialista em Segurança do Trabalho e Gás Natural


Quando o chega o dia de finados, data considerada católica mas ainda de grande influência no cotidiano das pessoas,fico preocupado com a quantidade de espíritos desencarnados que não conseguem se libertar e seguir na sua caminhada educativa,laboral(sim,tem muito trabalho na nossa verdadeira casa),emocional e principalmente evolutiva porque aqui na esfera terrestre estamos obsediando eles,segurando em laços como rédeas de um um cavalo, alguém que quer simplesmente conviver com outros familiares e amigos de outras épocas (nós não somos os únicos nas vidas deles). Pelo véu do esquecimento quando chegamos aqui no nascimento,achamos que a vida se resume nesta passagem.Ledo engano.É perfeitamente normal sentir saudade,chorar,amar eternamente quem conviveu conosco.Não é fácil.Mas daí transformar em apego,num impeditivo de continuar vivendo,além de ser egoísmo,injusto,é uma crueldade com quem quer seguir adiante no plano espiritual,pois ficamos conectados fortemente pelo psiquismo.

E quando a fixação é de lá para cá,quando lidamos com efeitos invisíveis mas de grande perturbação vital porque esse laço foi construído sem evangelização,sem desprendimento, sem libertação? É doloroso também ser obsediado,e quando digo aqui não falo só de espíritos infelizes mas muitas vezes pais,mães,irmãos,filhos,amigos que perdidos nas zonas umbralinas,ainda achando que estão vivos tentam se comunicar desesperadamente.Obsessor não é espirito ruim.É alguém do bem não esclarecido(ditos inimigos)ou um ente querido desnorteado e ainda tratamos na base do "xô satanás".

A ainda três tipos de obsessão que requerem cuidados,orações e mudança de atitudes: obsessão de desencarnado para desencarnado,encarnado para encarnado e auto-obsessão,a pior de todas em que estamos cegos em nós mesmos. Mas voltando ao dia de finados,os cemitérios ficam cheios neste dia 2 de Novembro,principalmente daqueles espíritos presos naquelas lápides suntuosas,ostentosas,estruturadas em granito,muitas vezes iguais as condições de outros presos nas tumbas de gavetas (devem ter inspirado as novas camas japonesas pela falta de espaço em Tóquio).Independentemente do local,tudo passa pela evolução espiritual de cada um e isso contempla apego material(pessoas e coisas).

Nada mais natural do que a morte. A volta para nossa verdadeira casa,pois a passagem é aqui. Voltamos para famílias de outrora,amigos de outros tempos. Falo isso de uma forma natural,quando Deus nos chama,não quando nos matamos passiva ou ativamente.Aí o sofrimento vai ser muito pior pelo tempo que deixamos de viver pelo Seu chamado,pelo ato em si transloucado,pela covardia perante a vida cheia de obstáculos mas também farta de amor,solidariedade,fraternidade. Passivamente me refiro ao tabagismo,as drogas,ao alcoolismo,ao perdição sexual,aos hálitos mentais sufocantes,etc.

Todos os dias são de finados como também dos que chegam ao mundo. Não podemos nos limitar a lembrar de pessoas em um só dia porque estão sempre em nossos corações mas do outro lado muitas vezes querem nos ajudar,motivar,auxiliar mas não deixamos. Que possamos assistir (ou ler) "As mães de Chico Xavier"("Por trás do véu de Ísis") e refletir sobre o tema,como nas suas outras obras e mudar de atitude perante a vida e a quem partiu. A morte deve deixar de ser tabu,principalmente nas igrejas,centros espiritas,templos,casas de oração e fazer parte do nosso currículo escolar e da vida,como educação sexual precisa sair da mistificação e ganhar a naturalidade. Quem sabe assim não tenhamos tantas vidas ceifadas jovens pelo álcool nas estradas e nas ruas da cidade ou estupros e outras formas de violência contra mulheres em boites,bailes funk e nas ruas.


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