Crianças doentes
Acalentas nos braços o filhinho robusto que o lar te trouxe e,
com razão, te orgulhas dessa pérola viva. Os dedos lembram flores
desabrochando, os olhos trazem fulgurações dos astros, os cabelos
recordam estrigas de luz e a boca assemelha-se a concha nacarada
em que os teus beijos de ternura desfalecem de amor.
Guarda-o, de encontro ao peito, por tesouro celeste, mas estende
compassivas mãos aos pequeninos enfermos que chegam à
Terra, como lírios contundidos pelo granizo do sofrimento.
Para muitos deles, o dia claro ainda vem muito longe...
São aves cegas que não conhecem o próprio ninho, pássaros
mutilados, esmolando socorro em recantos sombrios da floresta do
mundo... Às vezes, parecem anjos pregados na cruz de um corpo
paralítico ou mostram no olhar a profunda tristeza da mente anuviada
de densas trevas.
Há quem diga que devem ser exterminados para que os homens
não se inquietem; contudo, Deus, que é a Bondade Perfeita,
no-los confia hoje, para que a vida, amanhã, se levante mais bela.
Diante, pois, do teu filhinho quinhoado de reconforto, pensa
neles!... São nossos outros filhos do coração, que volvem das existências
passadas, mendigando entendimento e carinho, a fim de que
se desfaçam dos débitos contraídos consigo mesmos...
Entretanto, não lhes aguardes rogativas de compaixão, de vez
que, por agora, sabem tão-somente padecer e chorar.
Enternece-te e auxilia-os, quanto possas!...
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira
E, cada vez que lhes ofertes a hora de assistência ou a migalha
de serviço, o leito agasalhante ou a lata de leite, a peça de roupa ou
a carícia do talco, perceberás que o júbilo do Bem Eterno te envolve
a alma no perfume da gratidão e na melodia da bênção.
Meimei
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