segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Centro Espírita E A Posição de Kardec



 
O CENTRO ESPÍRITA E A POSIÇÃO DE KARDEC
 

Como é sabido por todos os espíritas, havia por parte de Kardec, uma preocupação com relação ao bom Relacionamento Interpessoal que deve haver entre os espíritas. Nos seus estudos e pronunciamentos, alertava sempre para esta
necessidade premente. Ele próprio reconhecia que na Sociedade Espírita de Paris, essa homogeneidade não fora conseguida; mas, isso não o esmorecia, pelo contrário suas preocupações
aumentaram.
Kardec alertava também, com relação ao bom relacionamento que deve haver entre as pessoas de vários Centros Espíritas. Ora, se as pessoas não se entenderem em seus próprios grupos, com toda certeza, não se entenderão com pessoas de outros grupos. Daí e por isso, os constantes estudos realizados por Kardec, como em seu opúsculo "Viagem Espírita de 1862", tratando "Sobre a formação de grupos e sociedades
espíritas". Nesse opúsculo, vamos encontrar as páginas 123-124 (da edição O Clarim), as orientadoras palavras de Kardec:
"(...) Tenho pouco a dizer a este respeito, além do que está contido, como instrução, no "Livro dos Médiuns". Acrescentarei apenas umas poucas palavras:
"A primeira condição é, sem dúvida, constituir um núcleo de pessoas sérias, por mais restrito seja o seu número.
Cinco ou seis pessoas se são esclarecidas, sinceras, imbuídas pelas verdades da doutrina e unidas pela mesma intenção, valem cem vezes mais do que uma multiplicação de curiosos e indiferentes. Em seguida devem os seus membros fundadores estabelecer um regulamento que se tornará em lei para os novos aderentes."
Percebe-se em Kardec a preocupação com a homogeneidade do grupo. Em seguida, vem a preocupação maior de Kardec:
"(...) Em todo o caso o objetivo essencial proposto deve ser o recolhimento, a man utenção da ordem mais perfeita e o afastamento de toda e qualquer pessoa que não estiver animada
de intenções sérias e possa se transformar em motivo de perturbação. Eis a razão da severidade imposta aos novos elementos a serem admitidos. Não creiais que essa severidade possa ser nociva à propagação do Espiritismo."
Nesta mesma brochura, no seu Discurso III – pronunciado nas reuniões dos espíritas de Lyon e Bordeaus (pp. 95-96), Kardec adverte, previne e esclarece que:
"Se, entre vós, há dissidências, causas de antagonismos, se os grupos que devem todos marchar para um objetivo comum, estiverem divididos, eu o lamento, sem me preocupar
com as causas, sem examinar quem cometeu os primeiros erros e me coloco, sem hesitar, do lado daquele que tiver mais caridade, isto é, mais abnegação e verdadeira humildade, pois aquele a quem falta a caridade está sempre errado, assistido embora por qualquer espécie de razão, pois Deus maldiz quem diz a seu irmão: racca." (*)
Complementa Kardec:
"Os grupos são indivíduos coletivos que devem viver em paz, como os indivíduos, se, realmente, são espíritas. Eles são os batalhões de grande falange. Ora, o que será feito de uma falange cujos batalhões se dividirem? Aqueles que vêem
o próximo com olhos ciumentos, provam, só por isso, que estão sob uma ruim influência, pois que o Espírito do bem não pode produzir o mal. Vós o sabeis: a árvore reconhece-se pelos
frutos. Ora, o fruto do orgulho, da inveja e do ciúme é um fruto envenenado que mata quem dele se nutre."
E ainda esclarece Kardec:
"O que digo das dissidências entre grupos vale, igualmente, para os que possa haver entre os indivíduos. Essa semelhante circunstância, a opinião das pessoas imparciais é sempre favorável àquele que dá provas de maior grandeza e de generosidade. Aqui na Terra, onde ninguém é infalível, a indulgência recíproca é u ma consequência do princípio da caridade
que nos leva a agir para com os outros como quereríamos que os outros agissem para conosco. Ora, sem indulgência não há caridade, sem caridade não há verdadeiro espírita."
Tratando "Das Reuniões e das Sociedades Espíritas", no cap. XXIX, de "O Livro dos Médiuns", no item 334, explica Kardec:
"Tudo o que dissemos das reuniões em geral se aplica naturalmente às sociedades regularmente constituídas, as quais, entretanto, têm que lutar com algumas dificuldades especiais,
oriundos dos próprios laços existentes entre os seus membros."
- E o que disse Kardec a respeito das reuniões em geral?
"Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for." E mais à frente: "Toda reunião
espírita deve, pois, tender para a maior homog eneidade possível.
Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis." (núm. 331, da ob. cit.).
Já no núm. 335, Kardec explica e orienta sobre as vantagens de criação de pequenos grupos, pois afirma ele:
"Nos agregados pouco numerosos, todos se conhecem
melhor e há mais segurança quanto a eficácia dos elementos que para eles entram. O silêncio e o recolhimento soa mais fáceis e tudo se passa como em família." Enquanto nas "(...)
grandes assembléias – completa Kardec – excluem a intimidade pela variedade dos elementos de que se compõem; exigem sedes especiais, recursos pecuniários e um aparelho administrativo
desnecessário nos pequenos grupos."
E conclui Kardec:
"Ora, vinte grupos, de quinze a vinte pessoas, obterão mais e muito mais farão pela propaganda, do que uma assembléia de trezentos ou de quatrocentos indivíduos."
Por experiência pró pria e conhecimento de causa, Kardec preocupava-se e estava sempre a orientar aos espíritas novatos sobre a necessidade da prudência na admissão de novos sócios para a Casa Espírita. Essa atitude se impõe a todos os
membros do Centro Espírita.
Conta-nos Léon Denis em sua obra "No Invisível", cap. X, que dirigia um grupo espírita e desde o começo das atividades se fez sentir a assistência eficaz dos invisíveis. Havia um
esforço em comum em manter a paz, a harmonia, facilitando o intercâmbio com o Mundo Invisível. Mais tarde, porém, prossegue Denis, permitiu-se à introdução no grupo de um experimentador
entusiasta de fatos materiais. E aí ocorreu que Espíritos levianos, propensos às trivialidades, se imiscuíram entre os participantes, e foi preciso toda a energia das vontades reunidas para reagir contra as más influências invasoras.
Em "Obras Póstumas" tratando sobre "Os Desertores",
Kardec classifica de "E SPÍRITAS DE CONTRABANDO", àqueles que se imiscuem nos grupos espíritas com o único e só objetivo de provocar a desunião.
Kardec é de opinião que esses indivíduos ensinaram ao verdadeiro espírita a ser prudente, circunspecto e a não se fiar nas aparências. Acrescentando, Kardec explica:
"(...) Por princípio, deve-se desconfiar dos entusiasmos demasiado febris: são quase sempre fogo de palha, ou simulacros,
oradores ocasionais, que suprem com a abundância
de palavras e falta de atos." ▲
Paulo de Almeida, o Secretário do "d".
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(*) - racca – do caldaico. Termo injurioso empregado no Evangelho de S. Mateus: insulto, ofensa, conspurcar.



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