Na ocasião, o confrade dizia que, passando por determinado Estado brasileiro, espíritas de certa Casa diziam receber o auxílio do espírito Irmã Dulce e que, graças a essa convivência, descobriram que a freira baiana seria a reencarnação da Princesa Isabel.
Segundo as informações, ao chegar na Pátria Espiritual, a Princesa Isabel teria sentido a consciência apertar, ao perceber que, nada obstante tivesse assinado a Lei Áurea, nada fez para ajudar os milhares de negros e negras que foram "libertados". Por conta disso, teria pedido a Jesus para reencarnar no Brasil no lugar onde houvesse a maior quantidade de negros pobres, para poder servi-los e ajudá-los em suas vidas. Graças a isso, teria renascido e se tornado a "Irmã Dulce dos Pobres", o "Anjo Bom da Bahia" que todos conhecemos.
A história seria linda e emocionante, se não fosse falsa!
Imediatamente após ouvir o relato do meu amigo, busquei os dados na internet sobre os anos de morte da Princesa Isabel e de nascimento da Irmã Dulce. E qual o resultado? Bem, a Princesa desencarnou em 14 de novembro de 1921, na França, enquanto nossa querida freira renasceu em 26 de maio de 1914. Obviamente, não podem ser o mesmo espírito, pois uma desencarnou quando a outra já contava 7 anos de idade!
É necessário guardar muito cuidado com o quê os espíritos dizem, ostentem ou não nomes conhecidos. A mistificação e a fascinação vêm ganhando campo entre nós, expondo-nos ao ridículo e prestando um desserviço à Causa Espírita e à Causa Cristã, que todos abraçamos com a mente e o coração.
Mais uma vez, penso em como temos lidado com as questões espirituais de forma ingênua, crédula, irreflexiva e irresponsável. Espiritismo é doutrina de razão, de bom senso e lucidez. Até quando ficaremos reféns do deslumbramento e da ignorância?
Reflitamos!
Pedro Camilo
Um comentário:
Olá Trajano, excelente post. É verdade, devemos mesmo tomar cuidado com espíritos embusteiros que se aproveitam da vaidade humana, das nossas fraquezas para passar um verdadeiro "trote" expondo ao ridículo a Doutrina e o trabalho daqueles médiuns sérios, contritos e vigilantes nos pensamentos e oração.
Obrigada por compartilhar mais esse ensinamento.
Abraços,
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