sexta-feira, 24 de julho de 2009

Espíritas que idolatram (Coluna Religião)

Recentemente, pude constatar a força de um ídolo e o seu endeusamento, quando um leitor do meu blog, em contraponto a um meu anunciado, afirmou que Michael Jackson era feliz, pois fazia milhões de pessoas felizes. Fiquei bestificado, pois mesmo diante das claras evidências da lamentável infelicidade do brilhante artista, visíveis na face, na pele, o fã não aceitava as evidências.

Pus-me a refletir de como ainda há, em todos os segmentos humanos, os idolatrados, os que manipulam, os que difundem ilusões, mas são colocados acima do bem e do mal e as suas palavras viram lei, sentença. Aí está o fanatismo declarado.

Vejo, em particular, no Espiritismo, médiuns, seres humanos, como quaisquer outros, com suas paixões e virtudes, sendo endeusados, suas palavras acima da própria codificação de Kardec e o bom-senso colocado de lado, o logicar jogado no lixo. De outra parte, vemos também espíritos serem reverenciados como os donos da sabedoria, senhores da absoluta verdade e nada poderá ser dito contra suas teorias ou proposições, pois isto significará uma heresia passível da santa inquisição que se estabelece no movimento espírita conduzido pelas federações. A verdade, no entanto, é outra, pois muitos líderes, companheiros de lida vêm a mim e “confidenciam” seus agravos e discordâncias a conceitos, livros, mas temem, encurralados pelo peso dos nomes, como os de Chico Xavier, Divaldo Franco, uma vez que fazer contraponto ao que eles disseram e/ou o que os espíritos falaram ou escreveram por eles é quase um “pecado mortal”. Bobagens, bobagens! O Espiritismo nos propõe uma fé basilada na razão e assentada no livre arbítrio, sem oráculos ou hierarquia. Assim, surge a necessidade de se emancipar o pensamento, buscando sempre no contraditório o princípio para a síntese, mesmo que se tenha que enfrentar a tradição.

O fanatismo por pessoas, idéias e/ou religião, então, sob qualquer pretexto, encarcera a liberdade de consciência, pretendendo sempre uma liberdade dirigida, na espera de que o profitente seja um fiel seguidor de postulados e atitudes que, na prática, inibem a expansão das ideias e da razão.

Os seguidores desavisados ou “trabalhados” para serem combatentes preconcebidos da liberdade de ser e de se exprimir dos que pensam de forma diferente, geram um sério problema para o Espiritismo, não a paixão "fé", mas a inquestionabilidade de seus métodos. O método de qualquer religião traz “certezas” divulgadas em forma de mensagens divinas, jamais de diálogo ou debate de ideias, causando, desta forma, adeptos de personalidades e instituições, não de ideais.

Por fim, o estilo imperialista das posições verticais usa e abusa do discurso monológico delirante, declarações, comunicados, que jamais se voltam para a escuta ou o diálogo, exercício esse que faria emergir a possível e relativa verdade - não as "certezas" individuais.

José Medrado é fundador e presidente da Cidade da Luz.

Mensagem enviada por Jacó Alves/BA

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