A palavra adultério não deve absolutamente ser entendida aqui no sentido exclusivo da acepção que lhe é própria, porém, num sentido mais geral. Muitas vezes Jesus a empregou por extensão, para designar o mal, o pecado, todo e qualquer pensamento mau, como, por exemplo, nesta passagem: "Porquanto se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, dentre esta raça adúltera e pecadora, o Filho do Homem também se envergonhará dele, quando vier acompanhado dos santos anjos, na glória de seu Pai." (S. MARCOS, cap. VIII, v. 38.)
A verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que Jesus quis dizer: ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza.
Esse principio suscita naturalmente a seguinte questão: Sofrem-se as conseqüências de um pensamento mau, embora nenhum efeito produza?
Cumpre se faça aqui uma importante distinção. À medida que avança na vida espiritual, a alma que enveredou pelo mau caminho se esclarece e despoja pouco a pouco de suas imperfeições, conforme a maior ou menor boa-vontade que demonstre, em virtude do seu livre-arbítrio. Todo pensamento mau resulta, pois, da imperfeição da alma; mas, de acordo com o desejo que alimenta de depurar-se, mesmo esse mau pensamento se lhe torna uma ocasião de adiantar-se, porque ela o repele com energia. É indício de esforço por apagar uma mancha. Não cederá, se se apresentar oportunidade de satisfazer a um mau desejo. Depois que haja resistido, sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória.
Aquela que, ao contrário, não tomou boas resoluções, procura ocasião de praticar o mau ato e, se não o leva a efeito, não é por virtude da sua vontade, mas por falta de ensejo. E, pois, tão culpada quanto o seria se o cometesse.
Em resumo, naquele que nem sequer concebe a idéia do mal, já há progresso realizado; naquele a quem essa idéia acode, mas que a repele, há progresso em vias de realizar-se; naquele, finalmente, que pensa no mal e nesse pensamento se compraz, o mal ainda existe na plenitude da sua força. Num, o trabalho está feito; no outro, está por fazer-se. Deus, que é justo, leva em conta todas essas gradações na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem.
Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo VIII. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br. Federação Espírita Brasileira.
Um comentário:
Prezados amigos,
Aproveitando o assunto e até mesmo Francisco pode me ajudar a esclarecer uma dúvida a partir do comentário que vou fazer abaixo:
Durante muitos e muitos séculos de domínio da Igreja Católica nas formas como conhecemos na História,domínio do Clero onde a figura papal era mais respeitada do que os reis e as rainhas,visto que tinham poder de juizes,enviando muitas mulheres à fogueira,principalmente no período da Inquisição(me perdoem se eu falar alguma besteira,visto que Historia sempre foi meu calcanhar de Aquiles..rss).
A masturbação sempre foi objeto de condenação,de pecado mortal,de gozação e humilhação.Hoje é considerado um ato saudável para homens e mulheres,conhecer o prórpio corpo e se conhecer intimamente entre outras vantagens,sem contra indicação como calos na mão,pelos e um monte de boabgens.
Como fica na opinião de vocês a questão mental ja que outros espiritos lêem nosso pensamento,nos observam?Atraímos entidades que vampirizam essas energias mais instintivas e inferiores?Ou será que gostando de alguem em especial,é possivel fantasiar com ela sem atrair visitantes indesejados?Como fica a questao do pudor ou autocensura? Lembro-me da música de Raulzito chamada "Paranóia" em que uma passagem ele diz"Vendo o que se faz dentro do banheiro"(..)"quando eu tive a sensação de ter alguem comigo ali parado..."e por aí vai...
Como isso é visto nas demais linhas espiritualistas dos nossos amigos que não sao espiritas?
Grande abraço,
Trajano
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