quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sob a Luz do Luar

Em Sob a Luz do Luar, o espirito Everilda Batista, mãe do médium Robson Pinheiro, narra suas experiências na vida após a morte. Leia abaixo um trecho.


(…)
Acordei aos poucos, mas não abri os olhos.
Estava pensando, relembrando o que sucedera comigo.
“Estarei morta?” — me perguntava. Mas eu estava pensando, me apalpava e podia sentir meu corpo. Aí, acabaram-se as precauções. Estava viva, definitivamente viva. Um pouco fraca, mas viva. Resolvi abrir os olhos devagar, e a primeira coisa que pude ver foi um par de olhos amendoados
olhando para mim, olhos mansos que me fascinavam…
Acho que nunca mais esquecerei aquele olhar. Era um médico sim, um velho, não tão velho, mas já idoso, com um sorriso encantador, que me transmitia uma segurança muito grande.
Estava no hospital sim — mas em outro quarto, eram outros móveis. Sentia-me ligeiramente fraca, porém, de resto, estava bem. Não sentia mais a angustiante falta de ar, e o coração parecia estar normalizado.
Alguma coisa estava diferente, no entanto.
Meus pensamentos pareciam mais claros, rápidos, e conseguia raciocinar melhor, sem as dificuldades de antes. Àquela altura já havia decidido: não ficaria mais um minuto sequer no hospital. Tinha que ir para casa, trabalhar, fazer qualquer coisa, menos ficar ali parada, olhando não sei o quê. Nunca fui de ficar de braços cruzados. Resolvi, em alguns segundos, falar com o médico. Parecia-me uma pessoa muito boa e agradável; sentia-me bem com ele.
Enquanto esses pensamentos me ocorriam, era impossível não reparar no hospital. Havia algo estranho no ar: desde as cadeiras e janelas até o ar fresco entrando, pela manhã; tudo era curioso, diferente, mas bom. Fazia-me bem.
Resolvi, então, falar, já que o médico — pelo menos eu pensava que ele o era — não dizia nada.
Só me olhava com seus olhos mansos, a barba alva e o sorriso de criança; havia muito carinho nele para dar.
— Então, doutor — arrisquei. — Desta vez escapei, né? — falei com voz um pouco fraca. — Parece que sou osso duro de roer, a morte passou e foi sozinha. Acho que desta vez chegou perto.
— É, Everilda, realmente ela passou, mas agora convém que você fique tranquila, em repouso, até recuperar-se mais. Agora que acordou, é bom que se dedique ao estudo, conforme sua disposição, pois teremos muito trabalho pela frente.
Era estranho: as palavras me saíam com facilidade, embora a debilidade e a fraqueza. Algumas lembranças forçavam para se tornar mais conscientes em minha memória, enquanto eu tentava entabular uma conversa com o médico.
Falei-lhe da vontade de ver meus filhos, a família, e que, de mais a mais, já estava boa, queria ir para casa, recuperar-me lá, junto aos familiares.
No fundo, já sabia que algo havia acontecido comigo, apenas adiava o reconhecimento da verdade.
Claro: eu desencarnara. Tudo seria diferente agora.
Uma nova realidade se desdobraria diante de mim.
Era o começo de uma nova etapa.
(…)
Espíritos iluminados passavam constantemente entre nós, assemelhando-se a cometas que rasgam as noites, iluminando-nos com suas vibrações doces e suaves. Alguém em nossa dimensão, um senhor de estatura alta e intensa força mental, trazia uma espécie de prancheta com diversos nomes de espíritos que haveriam de se utilizar do médium naquela noite, a fim de enviar suas mensagens.
Acomodei-me em determinado canto do pequeno salão, próxima a meu filho, que chorava muito com as emoções que experimentava por estar ali. Eu afagava-lhe os cabelos enquanto Matilde se dirigia à mesa mediúnica, falando com o dirigente espiritual da reunião da noite. Recolhi-me em prece, rogando a Deus por aquela multidão que vinha em busca de algum consolo para suas mágoas, dores e sofrimentos.
Deixei meu filho sentado e dirigi-me para perto de um espírito que chamava atenção pela maneira amorosa com que atendia às pessoas. Quando passava a mão sobre a cabeça de alguém, suave luz envolvia seu assistido, causando-lhe imenso benefício.
Pedi para auxiliar de alguma forma e fui imediatamente aceita na equipe de trabalho, encarregando-me de ajudar as mães que vinham pedir notícias de seus filhos desencarnados. Fiquei imensamente satisfeita com a oportunidade que me fora concedida e pus-me a trabalhar. Era tanto por fazer que logo me envolvi inteiramente na tarefa que me fora confiada. O trabalho sempre fora para mim motivo de alegria e, deste lado, desde que despertei para a verdadeira vida, nunca me permiti um único momento de ociosidade.
Nesse envolvimento com o consolo a outras mães desencarnadas, não vi o tempo passar, até que meu nome foi pronunciado por elevado companheiro da Vida Maior, que orientava os trabalhos da noite.
— É a sua vez de mandar o seu recado — falou o amigo espiritual. — Aproveite e fale ao seu filho.
— Mas como? Eu nem sei como fazer para escrever pelo médium e…
— Calma, minha irmã. Sei que a emoção é muito grande, mas não tem nenhum mistério. Nós a auxiliaremos. Concentre-se. Aproxime-se do médium, feche os olhos e imagine-se perto de seus filhos. Fale pelo pensamento com todo o amor que você tem para com eles..
Concentrei-me intensamente. Orei a Deus e agradeci a oportunidade de estar ali, amparada.
Coloquei em meus pensamentos tudo o que desejava falar ao meu filho. Abri lentamente os olhos e pude perceber tênues fios que partiam de mim e iam ao encontro do médium. De sua cabeça e de seu coração emanavam suaves vibrações, enquanto uma luminosidade azul e dourada nos envolvia a ambos. O mentor que me convidara envolveu-me em abraço fraterno e pude então perceber-lhe mais intensamente o pensamento, que me auxiliava. Seu nome? Bezerra de Menezes.
(…)


Fonte : Revista Cristã do Espiritismo

Enviado por Francisco Cortizo/BA

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