Questão sempre suscitada, quando se cogita de influências espirituais, diz respeito ao chamado mal encomendado, ou malfeito.
Uma senhora, preocupada com o assunto, perguntou: – Chico, isso existe?
A resposta bem-humorada do médium é antológica:
– Se você arremessar uma bolinha de borracha numa parede e houver um buraco nela, a bolinha poderá entrar.
* * *
Quando se fala a respeito desse assunto, sempre imaginamos alguém procurando pessoas que vivem desse expediente, pagando-lhes para evocar malefícios sobre um desafeto.
Na verdade, nem é preciso usar nossas economias para isso.
Basta que tenhamos muita raiva de uma pessoa, desejando-lhe todo mal, e estaremos gerando o malfeito, em duas frentes:
Ação pessoal – emitimos vibrações deletérias a se expandirem em sua direção, como se lhe atirássemos dardos envenenados, passíveis de perturbá-la.
Ação de terceiros – espíritos obsessores atenderão nossa evocação, dispostos a colaborar no nefasto propósito. E a assediarão, procurando causar-lhe embaraços variados de ordem física e espiritual.
Surtirão efeito tais iniciativas?
Aqui entra a imagem feliz apresentada por Chico.
Se o desafeto tiver brechas em suas defesas espirituais, a partir de um comportamento indisciplinado e vicioso (o buraco na parede), poderá ser afetado.
Se, porém, for alguém de padrão vibratório elevado, que cultiva bons pensamentos, que orienta sua existência nos caminhos da verdade e do bem, nada de mal lhe acontecerá.
A razão é simples: não haverá abertura em sua casa mental, passível de engolir a bolinha, sujeitando-se aos estragos que possa produzir.
Portanto, não precisamos temer semelhantes arremetidas de espíritos encarnados ou desencarnados, desde que cultivemos a recomendação de Jesus (Mateus, 26:41): Vigiai e orai para que não entreis em tentação.
É o mal em nós que nos leva a assimilar o mal que nos fazem.
Podemos ir um pouco adiante, cumprindo outra orientação do Mestre (Mateus, 5:44): … orai pelos que vos perseguem.
Se, identificando no desconforto que sentimos, a ação de espíritos perturbadores, encarnados ou desencarnados, orarmos por eles, neutralizaremos tranquilamente o mal que pretendam contra nós.
* * *
Quanto aos que exercitam o mau hábito de amaldiçoar e aos que chegam ao extremo de efetuar a contratação de malfeitores do Além para prejudicar alguém, por intermédio de pessoas que vivem desse expediente, mais cedo ou mais tarde experimentarã o desagradável surpresa: ainda que encontrem brechas na parede, fazendo estragos na vida alheia, a bolinha tenderá a voltar em sua direção, produzindo estragos maiores.
Atendendo aos princípios de causa e efeito que nos regem, quem se envolve com o mal acabará vitimado por ele.
E há um detalhe: os espíritos que atendem às suas evocações não o fazem por generosidade ou benemerência. Objetivam, por compensação maior, o domínio sobre seus intermediários e contratantes, que acabam caindo em suas mãos.
Portanto, desejar o mal do próximo é má ideia, péssima transação, no intercâmbio com o Além.
Melhor abençoar!
Por: Richard Simonetti
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