quarta-feira, 15 de setembro de 2010

QUEM PERDOA LIBERTA - PARTE V - 15/09/2010 - HOMOSSEXUALIDADE



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Mediunidade com Jesus é incompatível com homossexualidade?


É lamentável o índice de jovens e adolescentes suicidando-se porque apresentam orientação homossexual. Muitos adultos também não escapam do sofrimento que é assumir-se fora do padrão, reconhecer-se diferente daquilo que se espera socialmente em termos afetivos e sexuais.  
Em meus estudos quando enfoco sobre a importância da honestidade emocional para o nosso processo evolutivo, tenho sido comumente abordado ao final das palestras por trabalhadores da seara que vivem os mais variados conflitos, entre eles estão homens e mulheres diante de suas tendências homoafetivas.  
O que até hoje foi escrito pelos espíritos sobre homossexualidade trouxe uma enorme contribuição para compreensão da temática à luz da reencarnação, entretanto, a interpretação dos adeptos da doutrina, nem sempre, corresponde ao bom senso e a compaixão que o assunto requer, impedindo reflexões e ações para lidar de forma saudável e educativa com a prática homossexual.
Ainda existem muito preconceito e massificação no trato desta questão em toda a sociedade. O que mudou na atualidade foi apenas uma maior publicidade sobre a homoafetividade, mas ainda existe muita dor envolvendo o tema. 
Entre nós, espíritas, é comum ouvirmos afirmações categóricas de que homossexualidade é doença e a única recomendação seria a abstinência. Para quem experimenta o conflito, essas posturas chegam de maneira insensível, sendo ainda mais hostis quando acompanhadas de retaliações e sanções na convivência e nas atividades da casa espírita.  
Tenho notícias e conheço alguns casos de tarefeiros diversos que já foram agressivamente rejeitados nos Centros Espíritas, por conta da sua escolha sexual. 
Eu fico muito sensibilizado e pensando nos jovens espíritas e seus pais que passam por essa experiência, sem nenhuma orientação e, muitas vezes, acrescidos de cobranças infelizes de companheiros de doutrina. O atendimento fraterno baseado nos ensinamentos do Cristo que deveria impulsionar cada criatura ao amor é substituído por "verdades doutrinárias" que acabam por suscitar ainda mais sofrimento, condenando o assistido a penitenciar sua dor, omitindo, fugindo, envergonhando-se, afastando-se da sua realidade emocional para tentar sentir-se digno, equilibrado e aceito. Aliás, o movimento de rejeitar e renegar aspectos importantes de si mesmo faz com que esses mesmos elementos ganhem uma força que pode desestabilizar e desequilibrar. Tudo o que rejeitamos e desconhecemos em nós ganha mais força, trata-se do lado sombrio clamando por ser reconhecido, transformado, iluminado. A verdade que liberta é aquela que coloca o ser diante de si para amar a si-mesmo e não para sentir-se impuro ou repugnante. 

Eu não estou fazendo aqui uma campanha a favor de assumir ou não assumir as tendências homossexuais, mas de poder examiná-las com amor, com respeito e com dignidade.
Aqui mesmo, em meu blog, já me fizeram a seguinte pergunta: "Ola!!! Wanderley, tudo bem? Minha pergunta partiu de um amigo em comum. A pergunta é sobre a questão de sintonia mediúnica ou qualidade mediúnica de um médiun homossexual assumido?", e eu respondi: Não é a escolha sexual que determina a sintonia, mas como a pessoa vive sua sexualidade. Conheço médiuns homossexuais assumidos com trabalhos mediúnicos sérios e de ótimos resultados, tanto homens como mulheres. A dignidade ou a ausência dela em assuntos de sexo é que determina a sintonia. E dignidade significa responsabilidade, afeto e alegria no uso de nossas forças sexuais.
Agradeço ao amigo espiritual José Mario por ter escrito o capítulo "Homoafetividade e mediunidade", no livro "Quem Perdoa Liberta", tendo em vista o quanto ainda precisamos aprender sobre essa temática.
Tive a oportunidade de lhe endereçar várias perguntas especificas sobre o capítulo (um "MAKING OF" da psicografia) que resultaram em sábias respostas ainda não publicadas, me induzindo a pensar na seriedade do que vem acontecendo na vida de tantas pessoas. 
No livro, existem duas histórias envolvendo homossexualidade. A história de Maristela, uma dirigente de Centro Espírita, mãe de família e já desencarnada, e a história de Antonino, médium na vida física. Os relatos de José Mario são singelos, mas reveladores. Simples, mas de profunda abordagem psicológica. Construídos para aliviar mais do que para solucionar assuntos que são de ordem consciencial. Entretanto, seu enfoque é diametralmente oposto ao preconceito e às normas rígidas que, absolutamente, não estão colaborando para a aquisição de nível de consciência mais enobrecedor de quem carrega os impulsos homoafetivos. Eu sei que é um pingo no oceano. Todavia, a bondade e a inteligência conciliadas, certamente vão cooperar para algo útil nesse terreno. 
Gostaria de encerrar meus apontamentos de hoje lembrando uma narrativa do livro na qual Maristela, a dirigente homossexual já desencarnada, é encaminhada a um educandário de sexualidade no Hospital Esperança, especificamente na classe dos homossexuais, para fazer um curso no qual seria preparada para saber o que fazer com suas tendências. É interessante notar a sabedoria, a misericórdia e a bondade dos espíritos ligados ao bem no trato com o assunto. Escola sobre homossexualidade no mundo espiritual com intuitos educativos! Não teremos isso também aqui, no mundo físico, no futuro?
Se aqui mesmo no plano físico, a homossexualidade já é analisada por algumas correntes cientificas como algo complexo e inerente às características psicológicas e sociais de cada homossexual, que se dirá sobre o assunto quando adicionarmos a isso o conjunto de experiências essencialmente individuais do Espírito imortal?


Wanderley Oliveira é médium,escritor e palestrante Espírita.
Entre outras obras,com a psicografia amorosa do Espírito Ermance Dufaux,
escreveu "Mereça ser Feliz"(sobre Orgulho),"Prazer de Viver" e "Reforma íntima sem martírios"

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