O Espiritismo pergunta
Cap. I – Item 9
Meu irmão, não te permitas impressionar apenas com as alterações
que convulsionam hoje todas as frentes de trabalho e descobrimentos
na Terra.
Olha para dentro de ti mesmo e mentaliza o futuro.
O teu corpo físico define a atualidade do teu corpo espiritual.
Já viveste, quanto nós mesmos, vidas incontáveis e trazes, no
bojo do espírito, as conquistas alcançadas em longo percurso de
experiências na ronda de milênios.
Tua mente já possui, nas criptas da memória, recursos enciclopédicos
da cultura de todos os grandes centros do Planeta.
Teu perispírito já se revestiu com porções da matéria de todos
os continentes.
Tuas irradiações, através das roupas que te serviram, já marcaram
todos os salões da aristocracia e todos os círculos de penúria
do plano terrestre.
Tua figura já integrou os quadros do poder e da subalternidade
em todas as nações.
Tuas energias genésicas e afetivas já plasmaram corpos na
configuração morfológica de todas as raças.
Teus sentidos já foram arrebatados ao torvelinho de todas as
diversões.
Tua voz já expressou o bem e o mal em todos os idiomas.
Teu coração já pulsou ao ritmo de todas as paixões.
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira
Teus olhos já se deslumbraram diante de todos os espetáculos
conhecidos, das trevas do horrível às magnificências do belo.
Teus ouvidos já registraram todos os tipos de sons e linguagens
existentes no mundo.
Teus pulmões já respiraram o ar de todos os climas.
Teu paladar já se banqueteou abusivamente nos acepipes de
todos os povos.
Tuas mãos já retiveram e dissiparam fortunas, constituídas por
todos os padrões da moeda humana.
Tua pele, em cores diversas, já foi beijada pelo Sol de todas as
latitudes.
Tua emoção já passou por todos os transes possíveis de renascimentos
e mortes.
Eis por que o Espiritismo te pergunta:
– Não julgas que já é tempo de renovar?
Sem renovação, que vale a vida humana?
Se fosse para continuares repetindo aquilo que já foste e o que
fizeste, não terias necessidade de novo corpo e de nova existência –
prosseguirias de alma jungida à matéria gasta da encarnação precedente,
enfeitando um jardim de cadáveres.
Vives novamente na carne para o burilamento de teu espírito.
A reencarnação é o caminho da Grande Luz.
Ama e trabalha. Trabalha e serve.
Perante o bem, quase sempre, temos sido somente constantes
na inconstância e fiéis à infidelidade, esquecidos de que tudo se
transforma, com exceção da necessidade de transformar.
Militão Pacheco
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