quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O MUNDO ESPIRITUAL


Não foi Allan Kardec quem criou os Espíritos, tanto como não foram os micróbios criados por Pasteur ou os astros por Galileu.

Galileu Galilei (italiano, 1564-1642) apenas assentou sua luneta em direção aos astros e lançou as bases da Moderna Astronomia, convidando os homens para o estudo dos corpos celestes. Louis Pasteur (francês, 1822-1895) de igual maneira chamou a atenção dos cientistas de seu tempo para a hipótese de que os microorganismos seriam (e são mesmo!) responsáveis pela transmissão de muitas doenças, a partir do que se criou a Bacteriologia e a própria Medicina teve um enorme avanço, na cirurgia e na higiene. Tanto Galileu como Pasteur sofreram perseguições, por serem beneméritos da Humanidade.

O mesmo se deu com Kardec. Desvendou o Mundo dos Espíritos não com a luneta nem o microscópio, porém com os médiuns. Não inventou nada mas explicou como se dá o relacionamento entre encarnados e desencarnados, conclamando a Humanidade a colocar este intercâmbio a serviço do esclarecimento e consolação de todos nós. E, por ser também um benfeitor da espécie humana, Kardec não poderia fazer exceção à regra geral: também foi incompreendido, sofreu perseguições, seus livros foram queimados num Auto-de-Fé em Barcelona.

No entanto, não se pode queimar uma verdade. Como não se pode esconder a luz do sol usando-se uma peneira. O mundo espiritual existe e exerce poderosa influência sobre os homens, quer eles queiram ou não. Constitui-se dos espíritos que já viveram, um dia, na face da Terra, usando um corpo de carne e osso como acontece com todos nós. É como se fosse uma Humanidade de cá em relação permanente com outra Humanidade de lá. Eles agora estão lá e nós aqui. Mas dentro de algum tempo, que só Deus sabe quando começará e quando acabará, os papéis poderão perfeitamente serem trocados: nós estaremos lá e eles cá.

Em conseqüência direta do que estamos a ver, o Espiritismo mata a morte. Quer dizer, a morte deixa de ser aquela incógnita ou aquele nec plus ultra. Nada mais além. À luz do Espiritismo, quando a morte chega, o que se dá é a separação do corpo e do Espírito, o primeiro se desagregando em suas substâncias no seio da Natureza material, de cujas partículas se forma em suas células e tecidos e órgãos. Mas o Espírito que é a sede da inteligência, da razão, do raciocínio, da memória, onde se situa o senso moral, volta ao mundo de origem, à pátria da verdade onde se apresenta sem disfarce, mostra-se como exatamente é!... Colhe então as flores, ou os espinhos que andou semeando ao longo da jornada terrena.

Vários cientistas comprovaram a existência dos Espíritos e a sua comunicação conosco. Poderia citar muitos exemplos, mas fico com alguns: o inglês William Crooks, o italiano Ernesto Bozzano, o russo Alexandre Aksakof, o celebérrimo norte-americano Thomas Edison; todos proclamaram sem rebuços a sua convicção da imortalidade humana. E o mesmo poderíamos dizer com relação ao suíço Jean Meyer, ao italiano Cesare Lombroso, ao francês Flammarion, a outro francês Gustavo Geley, Fico por aqui para não me alongar. O leitor interessado com facilidade terá acesso a obras monumentais destes pesquisadores que demonstraram verdades que, a Parapsicologia vem pouco a pouco anunciando ao mundo ocidental.

Ressalta-se daí, o consolo que se derrama sobre um coração a chorar a perda de um ente querido. Ah! Como é reconfortante ao coração de uma mãe saber que seu filho, ceifado no verdor da juventude, continua vivo no Grande Além! Como é animadora ao coração de um filho a convicção de que seu pai estimado ou sua mãe idolatrada, além das cinzas frias da necrópole, ainda poderão dar-lha aquele proteção, talvez maior ainda, nas horas de aflição ou de dúvida! Como é altamente alvissareira a notícia de que, um dia, haveremos de abraçar amigos que partiram antes de nós para a viagem inevitável de volta ao mundo maior!

Diante de um sepulcro, o materialista diz: "Adeus! Tudo terminou". O religioso tradicional suspira: "Foi para o céu, descansar em paz". Ou então: "Coitado, segue para o inferno porque não deixou Jesus salvá-lo". Instala-se o desânimo, aparece a descrença, sofre-se muito. Diante de um esquife, o espírita tem esta convicção inabalável:

- O companheiro se despede da carcaça material e volta ao mundo incorpóreo, com seu perispírito e mais, com o somatório de todas as suas qualidades ou de seus enganos. Lá encontrará novos ambientes de progresso. Lá achará velhas amizades. E poderá prosseguir, noutro corpo, mais tarde, voltando à Terra para dar continuidade ao seu progresso evolutivo sem fim. Brilha a esperança, fulge a paciência, olha-se para o além com desassombro. Um horizonte mais amplo se nos desdobra nas fímbrias do Infinito porque uma luz, a luz da imortalidade, banha as trevas e nos infunde mais confiança no Amor de Deus.

Pelo que se percebe, no mundo espiritual há uma variedade muito grande de entidades. Se é ele formado das criaturas que aqui viveram, apenas desvestidas da indumentária orgânica, e se o nosso planeta é constituído de pessoas boas e de pessoas más, de criaturas honestas e de criaturas corruptas, de homens trabalhadores e de homens preguiçosos, de mulheres virtuosas e de mulheres levianas, de gente vivamente voltada para o Bem, para o Belo, para a Verdade, e de outra leva de gente que se compraz nas maldades, nas futilidades, nas iniqüidades - o mesmo panorama se nos depara no mundo espiritual, de vez que a morte não é nenhum trampolim para a santidade nem passaporte para a sabedoria plena. Sem dúvida, há Espíritos que, uma vez desvencilhados da carne, tomam novos rumos, adotam outras posturas, reformulam para logo o seu modo de pensar e agir. No entanto, quantos de nós permanecemos mais ou menos na mesma pasmaceira! E aí, quantos ainda não iremos manter os mesmos vícios, as velhas manias, os hábitos cristalizados há anos?

No mundo espiritual cada qual vai situar-se no nível em que sempre esteve em seus pensamentos e em suas ocupações. Lá encontraremos escolas e hospitais, oficinas e laboratórios, jardins e porcilgas, salas de música e presídios de recuperação. O justo sente-se feliz porque traz a consciência tranqüila de que não prejudicou a ninguém. Já o ladino, o esperto, o rancoroso, o vingativo, vão chorar suas dores em razão destas suas mazelas morais. Quem fez o bem sem olhar a quem, semeando benefícios pelo simples prazer de ser útil ao semelhante, encontra o abraço amigo, o beijo afetuoso, o aperto de mão fraternal de tantos quantos foram seus beneficiados. Até ele chegam as preces daqueles que têm saudades de sua vida na Terra. De igual maneira, aquele que matou, que roubou, que mexericou, que infernizou a vida do próximo, defronta-se com a consciência desassossegada apontando-lhe todos os seus atos infelizes, além de sentir as acusações permanentes de suas vítimas. É quando, então, acossados pelo remorso, pedimos a benção de um novo corpo, concessão que nos será oferecida quando os amigos espirituais acharem realmente oportuna para reparação dos atos transatos.

No mundo spiritual não há, portanto, ociosidade, contemplação mirífica, nirvana eterno em afável dolce far niente!

Ao contrário, legiões de socorristas atendem os que sofrem nos hospitais, nos presídios, nos lares, nos casebres da Terra. Equipe de mensageiros inspiram os que se devotam a tarefas terrenas de serviço cristão. Grupos de entidades amigas velam pelo êxito de nossos nobres empreendimentos. Falanges de benfeitores nos socorrem em nossos lutas redentoras. Através da prece e do pensamento digno, do trabalho honrado e do estudo diligente como que abrimos as portas de nossos coração e de nossa mente para a recepção deste auxílio constante e imperceptível. Tanto como há também, a nosso derredor, permanentemente (caso sejam de ódio, de lascívia, de gula, de intemperança, de indolência os nossos propósitos maus) , Espíritos de igual padrão vibratório, como que nos açulando os pendores negativos de modo que entre nós e eles se estabelecem dolorosas ligações, nos trazendo doenças, desequilíbrios, frustrações, entravando nosso caminhar. Culpa deles? Não... Culpa nossa! Nossa porque generosamente nós a eles nos entregamos sem reservas, abrindo de par em par os escaninhos de nossos pensamentos, de nossas intenções, mediante palavras chulas, ações impensadas, leituras às vezes fesceninas, e conversações maliciosas.

Kardec, em "O Livro dos Espíritos", muito a propósito, na questão nº 466, indaga ao plano espiritual porque permite Deus que os Espíritos inferiores nos incitem ao Mal. Respondem os mensageiros do Alto o seguinte:

"Os Espíritos imperfeitos são os instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens no bem. Tu, sendo Espírito, deves progredir na ciência do infinito, e é por isso que passas pelas provas do mal para chegar ao bem. Nossa missão é a de colocar-te no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas, pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando tens a vontade de o cometer; eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu desejas o mal. Se és inclinado ao assassínio, pois bem, terás uma nuvem de Espíritos que entreterão esse pensamento em ti; mas também terás outros que tratarão de influenciar-te para o bem, o que faz que se reequilibre a balança e te deixe senhor de ti."

Depois deste esclarecimento, desnecessário seria qualquer acréscimo de minha parte, não é mesmo?

(Do Livro "Para Entender o Espiritismo" - Celso Martins).

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