quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ícone do espiritismo no Brasil transcende religiões

 

Publicado em 02.04.2010, às 07h53

Do Jornal do Commercio

As diferenças entre as diversas crenças não são maiores que o respeito por Chico Xavier. Líderes religiosos do Recife afirmam que sua figura transcende os limites do espiritismo. Representantes da Igreja Católica, da Federação Israelita de Pernambuco (Fipe) e do candomblé elogiaram Chico e sua trajetória.

O arcebispo de Olinda e Recife, dom Antônio Fernando Saburido, destacou a caridade praticada por Chico Xavier. "Todo o ensinamento de Jesus Cristo resume-se na prática do amor fraterno, especialmente para com os pobres e excluídos. Chico Xavier levou, ao seu modo, muito a sério a prática da caridade e, por isso, conta com o respeito e a admiração popular", afirmou, em entrevista por e-mail. "Com mais de 400 livros psicografados e tendo vendido mais de 20 milhões de exemplares, nunca se preocupou com os dividendos. Sempre destinou os direitos autorais para instituições de caridade", acrescentou.

Embora tenha ressaltado divergências da Igreja Católica com o espiritismo, como "a doutrina da reencarnação e a aparente comunicação com os espíritos desencarnados", dom Fernando ressaltou que ambas as religiões creem em Cristo e lembrou que Chico recebeu educação católica. "É tanto que foi batizado com o nome de Francisco de Paula, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento", salientou.

O presidente da Fipe, Ivan Kelner, declarou que a importância de Chico é "indiscutível". "Era um ser elevado, de muita espiritualidade e humildade extrema, que viveu ajudando os mais necessitados. Independentemente de qualquer coisa, contribuiu e muito no campo do espiritismo. Respeitamos muito ele, assim como toda e qualquer figura religiosa." Kelner afirma que o médium mineiro "bebeu" da religião judaica: "O judaísmo é a primeira religião a falar em vida após a morte. A parte cabalar trata disso. De alguma forma, o espiritismo é filho do judaísmo".

O pai de santo Ivo de Xambá, babalorixá do Terreiro de Santa Bárbara/Nação Xambá, em Olinda, destacou que as religiões de matriz africana, assim como o espiritismo, creem em reencarnação. "Chico fez coisas abstratas se tornarem concretas. Por causa dele, pessoas que não acreditavam passaram a acreditar. Foi um ícone, uma pessoa humilde que teve fundamental importância em sua religião." O Centro Islâmico do Recife informou que seu líder religioso, o xeque Mabrouk El Sawy Said, não falaria sobre o assunto por não conhecer a trajetória de Chico. O pastor Aílton Júnior, da Assembleia de Deus, disse que sua igreja não tinha nenhuma opinião a expressar sobre o médium.

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